4.11.07

Capítulo 15 - Cama de pregos

Então diga adeus a todas aquelas coisas que nunca fizeram bem

Sorria na fé e então sorria na despedida

Sua mágica não precisa de feitiços fracos

Disto que nunca entende

E de delicadezas, eles não encontraram lugar

Com aquelas coisas que não tem resgatado a graça

Com você eu vejo a ironia

De quem não tem fé.

Câmara Asteca, “Cama de Pregos”.

***

Na noite antes do décimo-sétimo aniversário de Harry Potter, nem bem duas semanas depois de seu último vislmubre de Salazar Slytherin, Draco deixo a Mansão, onde Harry, Hermione, Sirius e Narcissa estavam jogando Snap Explosivos perto da lareira, e foi e se sentou na montanha tendo uma vista panorâmica da casa onde eles enterraram o que restou de seu pai. A noite estava clareando ao longe, como se alguém tivesse esticado um lençol de vidro sobre o céu, através do qual a luz das estrelas cintilava com um brilho típico dos diamantes. Tinha chovido neste dia e tudo ao redor dele, a grama estava úmida, cada folha reluzia como um prego dirigido para o chão. Acima dele se elevava o mausoléu erguido em memória de seu pai. Era talhado em ônix preta e sua superfície que não refletia nada parecia se destacar na escuridão da noite.

Ele não estava certo sobre o que esperava realizar, concluir sentado ali, todas as noites; será que ele estava dizendo adeus, ou tinha a esperança de tem alguma comunicação com o espírito de seu pai, e o que ele diria para este espírito se ele aparecesse. Ninguém tinha tentado impedi-lo de ir; eles estavam todos sendo tão cuidadosos com ele atualmente, como se ele fosse algo terrivelmente frágil que pudesse se quebrar. Não que todos que estavam na Mansão agora - ele mesmo e Harry, Hermione e Ginny e Ron, Sirius e Lupin e sua própria mãe - não tivessem atravessado o mesmo pesadelo, mas ele tinha sido o seu ponto central. A escuridão tocou a todos eles, mas apenas Draco tinha sido quase engolido por ele, tinha estado dentro dele, tinha sido a escuridão. A Marca Negra tinha sumido de seu braço, mas a memória de tudo o que aconteceu ainda queimava no fundo de seus olhos. Existia ainda tanto para ser ordenado, para ser entendido, para ser esquecido e para tentar se esquecer. Ele se percebeu impaciente, perambulando de noite pelos corredores escuros da Mansão, assustado com o seu próprio reflexo nos espelhos, procurando por respostas e não encontrando nenhuma.

O aniversário de Harry era amanha, e haveria uma festa, e ele não queria ir. Sirius quis fazer dela uma festa de aniversário comum para os dois, mas Draco recusou. Ele não queria uma festa. Então tinha tido um jantar tranqüilo para ele na semana anterior, e ele tinha recebido presentes, que para começar ele não queria tampouco. Novas vestes de festa de sua mãe, uma calça de couro preta FiloParch de Hermione, e Giny lhe deu um livro. Charlie Weasley tinha mandado para ele uma pequena estátua de vidro de um dragão que cuspia Fogo Indestrutível a cada hora gravada. E Sirius tinha lhe dado uma espada para substituir aquela que os demônios tinham pegado de volta – não era uma Lâmina Viva, é claro, mas por outro lado, nada realmente era. Harry tinha de modo especialmente inesperado dado a ele uma bainha para fazer par com a espada, e era encantado com um feitiço de proteção que mantinha aquele que o usasse livre de sangramentos quando ele se ferisse. Ele supôs que Harry percebia que ele tinha visto sangue suficiente, o seu próprio e o dos outros, por toda uma vida.

Draco colocou-se de pé e olhou para baixo, para a Mansão, cinza sob a luz fosca. Familiar. A enorme varanda que corria ao redor do alto quadrado da casa com seu telhado com duas inclinações. Em cada cantão deles havia uma torre pequena e redonda com altas e estreitas janelas nela. Bom para jogar olho quente nos inimigos que avançavam. Sombras se moviam atrás das janelas agora. Ele se lembrou dos outros, sentados diante do fogo, sossegados, um na companhia do outro. A luz do fogo nos cabelos de Ginny, no sorriso de Hermione, Harry quieto como sempre.

Basta. Draco roçou de leve a grama úmida com os joelhos de sua calça, e avançou novamente para o lado do mausoléu. Do lado dele, cravado com letras prateadas estava esculpido: Lucius Malfoy 1958-1997. Arte Perire Sua.

“Olá, Pai,” disse Draco suavemente, colocando a palma de sua mão sobre a pedra fria. Ele ficou de pé por um momento, escutando o som de sua própria voz, fria no silêncio, sentindo o batimento do seu coração. “Já faz um longo tempo desde que nos falamos. Pelo menos, eu sinto deste modo”.

O silêncio e a noite fria o responderam. Ele se virou lentamente até que suas costas estivessem encostadas na parede de mármore e ele estava olhando para a escuridão, pontuada pelas luzes brilhantes e frias da Mansão na distância.

“Eu tenho pensado muito em você ultimamente, Pai. Você talvez esteja surpreso em ouvir isto, mas é verdade. Talvez não conscientemente, mas você sempre esteve no fundo da minha mente. Eu acho que ele queria ser um tipo de pai para mim, Slytherin, quero dizer, somente ele não era muito melhor nisto do que você foi. Ele exatamente queria a mesma coisa que você quis - um brinquedo, alguma coisa para usar, para promover os próprios poderes dele. Você brincou de Deus, me fez a imagem que o Lorde das Trevas queria. Nunca, de nenhuma maneira, realmente quis um filho. Bem, você não é Deus, Pai”. Ele ouviu sua própria voz se erguer e afiar, cortando o ar quente de verão. “E eu não sou fraco. Você me disse que eu iria quebrar como um relógio quebrado atrasa. Mas eu não quebrei”. Ele fechou seus olhos, e então contra as suas pálpebras, o
alvoroço de imagens que se movimentaram rapidamente passando com um maço de cartas caindo, ao acaso, voltas para cima: viu a si mesmo de pé na cela de seu pai no hospício, apoiado contra a parede, viu o topo da torre de Slytherin queimada e limpa pelo fogo, viu Harry deitado como se estivesse morto enquanto o sangue corria vindo debaixo dele como uma tinta cara escorrendo pelo chão, viu os demônios negros que se ergueram do Inferno exigindo o que era deles. Do Inferno. Inferno, onde você está, Pai. Inferno, para onde você me enviaria.

Ele escutou a voz de Lucius. Você é, apesar de tudo, apenas o que eu fiz você ser.

As palavras pareciam faladas dentro do seu cérebro. Ele as escutou até o fim. E então veio, o que ele estava esperando, meio que na expectativa, meio que temendo: um pesar, um sofrimento como uma onda negra de irritação. Ela se desdobrou e se voltou contra ele; ele não sentiu a parede do mausoléu até que ele a sentiu nas suas costas, e apenas meio que viu a forma de um grande cachorro negro como que encrespado nas montanhas, olhando para ele com seus grandes olhos pálidos como jóias na escuridão.

***

Sirius viu Draco cair contra a parede da cripta, e hesitou. Draco tinha suas mãos sobre seu rosto, seus ombros tensos e estremecidos. Sem saber exatamente a razão isto, o impulso para isto, Sirius reconheceu este tipo de pesar, de sofrimento, aquela respiração asfixiada que parecia empurrar o garoto para baixo, para a parede como o peso de um enorme punho, de forma que ele se sentou no chão com seus braços cruzados em torno de si, a cabeça enterrada em suas mãos. Ele mesmo chorava assim em Azkaban, secamente, de magoa, de dor e de raiva.

Foi o suficiente. Ele endireitou-se, deixando sua forma canina para trás e se adiantou. Nunca tinha feito absolutamente nada assim antes (nem mesmo para Harry, ainda que ele teria feito, se tivesse sido convocado a fazer), ele foi até Draco, ajoelhou-se perto dele, olhando com curiosidade e de maneira firme para ele encostado na parede, e o tomou nos seus braços como se ele fosse uma criança de seis anos e não um garoto de dezessete.

Draco não lutou, apenas segurou Sirius com força, e Sirius percebeu para a sua surpresa que de fato Draco não estava chorando. Alguma outra coisa estava acontecendo com ele; alguma coisa mais complexa e angustiante do que lágrimas. Seu corpo tremia, a respiração agonizante perpassava por ele, mas nenhuma lágrima veio, e Sirius se lembrou de Narcissa ter dito a ele que seu filho não chorava. Mas isto era impossível....todo mundo chora. Ele segurou Draco enquanto o garoto tremia, esfregando suas costas com um pequeno e sem jeito, mas de modo tranqüilizante, como ele seguraria e acalmaria um animal machucado. “Chore,” ele disse. “Chore, se você tem, se você pode,” mas Draco se arrastou para longe dele e se sentou de novo encostado contra o mármore negro e frio do mausoléu, sacudindo sua cabeça loura. Seu rosto estava vazio, pálido, e seco de lágrimas.

“Não,” ele disse. “Eu não posso”.

“Não há nada de errado com isto,” disse Sirius gentilmente. “Muito coisa aconteceu para você; você tem mais do que o direito”.

“Não,” Draco disse de novo, mais urgentemente desta vez, “eu não posso,” e ele virou sua cabeça para trás em direção ao mausoléu, e ficou em silêncio. E Sirius se sentou, silenciosamente, com ele, até o sol nascer e sua luz irromper sobre a Mansão, e era o aniversário de Harry.

***

“Onde estão Draco e Harry?” Sirius perguntou, enquanto o sexto correio coruja do dia aterrissava na escrivaninha da biblioteca, depositando na sua polida superfície de madeira, um monte de embrulhos endereçados a H Potter e D Malfoy. “Isto está ficando ridículo...presentes...cartas de fãs...mais pares de calças de couro...”.

“Eles estão lá em cima,” disse Ginny, que estava sentada no parapeito da janela com Hermione. Os vestidos de ambas tinham sido entregues pela coruja anterior, e elas estavam intensamente conversando sobre o assunto referente ao que estariam usando nesta noite. “Eles estão completamente suados”.

“Eles estão praticando esgrima,” Hermione corrigiu, parecendo severa.

“Eu disse isto com a minha terminologia,” disse Ginny de forma altiva, batendo em um brilhante pedaço de tafetá com sua varinha e o transformando de um verde azulado para um vermelho. “Veja, assim fica melhor”.

Hermione fez um barulho de aprovação. “Boa cor para você, Ginny”.

A porta bateu se abrindo e Draco entrou, seguido por Harry. Ambos os garotos estavam corados e suados devido ao esforço, ambos estavam sorrindo. Harry tinha seus braços cruzados sobre o seu peito e estava discutindo algum ponto delicado da etiqueta da esgrima com Draco, cujos cabelos prateados, Ginny notou, estavam desordenados de forma atraente em volta de sua cabeça. Draco estava lhe dizendo que ele deveria se considerar abençoado por ter adquirido pelo menos e finalmente o conhecimento de que a ponta da espada foi feita para ferir o inimigo.

“Inimigo?” ecoou Harry, dando um sorriso por sobre o ombro para Draco.

A boca de Draco se figurou em uma crítica minuciosa. Ele olhou para baixo, para si mesmo – ele estava vestido com jeans gasto, usado e uma camiseta que colou nos seus ombros com o suor – e então olhou de volta para Harry. “Oponente,” ele se corrigiu.

“Parceiro,” disse Harry, determinado a dar a última palavra, piscando o olho para Sirius, e foi se sentar perto de Ron e Hermione, que apressadamente embrulhou o vestido com sua capa o reduzindo ao tamanho da mão com um feitiço Reductus, e o empurrou para trás dela. Ela deu um sorriso para cima, para Harry, que se curvou e a beijo no rosto que estava voltado para cima.

“Não pense que eu não tenha a perfeita resposta para isto, Potter,” disse Draco de forma altiva, se empoleirando na beirada da mesa e apalpando curiosamente a pilha de pacotes. “Ah sim, eu tenho. E o dia dela virá. Mas, eu vou te livrar disto hoje por conta de ser o seu aniversário”.

“Escutem isto,” disse Ron, virando-se e segurando o Profeta aberto sobre ele. “’Feliz Aniversário Harry: O interesse do mundo bruxo, há muito tempo salpicado pelo mistério do desaparecimento do Menino Que Sobreviveu, esta noite estará voltado para um evento muito feliz: sua festa de aniversário de dezessete anos, organizada este ano na Mansão Malfoy, a moradia familiar antiga do poderoso clã dos Malfoy, agora também a casa de Sirius Black...tudo bem, isto é um pouco entediante, então eu pulo isto...enorme lista de convidados, blá blá, centenas de bruxos e bruxas convidados, blá, incluindo o Ministro Honorário da Magia, Arthur Weasley, e o Diretor de Hogwarts, Albus Dumbledore, milagrosamente curado de seu estado de estase induzido magicalmente...”Um milagre da medicina bruxa,” disse Dr. Simon Branford--".

“NÃO foi um milagre,” falou entre os dentes Ginny irritada. “Foi porque Draco matou Slytherin, então, todo o feitiço dele se extinguiu”.

“Branford é um pouco burro,” disse Sirius com distração. Ele estava ocupado em usar sua varinha para fazer voar e assim abrir as várias caixas espalhadas sobre sua mesa. Draco, deitado contra um dos lados da mesa, observava com um parcial interesse, os olhos meio cerrados.

“Mas você o convidou para a festa, de qualquer jeito,” pontuou Narcissa. “Existe alguém que você não tenha convidado, Sirius?”.

Sirius deu de ombros. “Eu queria que Harry tivesse uma grande celebração,” ele disse, piscando o olho para o seu afilhado. “Para compensar todos aqueles aniversários perdidos”.

“Eu preferia ganhar grandes presentes do que ter um grande festa,” disse Harry, deslizando para baixo, indo se sentar no chão, próximo a Ron, com suas costas contra as pernas de Hermione.

“Tamanho não importa, Harry,” disse Ginny, com um gracejo.

“Oooh, uma resposta apimentada vinda de uma pequena senhorita Weasley,” disse Draco, com um sorriso se elevando na sua boca. “E aqui estava eu preocupado que você estivesse deprimida desde que nós despachamos o seu namorado de volta para a Idade das Pedras”.

“Ele não era o meu namorado, e era a Idade das Trevas,” disse Ginny, e fingiu estar entretida por alguma coisa que se movia na beirada da mesa de Sirius. “O que são aquelas, Sirius?”.

Sirius deu uma espiada. “Ah, protótipos de figurinhas em movimento”.

“O quê?” perguntou Ron.

Harry parecia envergonhado, Draco convencido.

Sirius deu de ombros. “A mesma pessoa que faz os cardes dos Sapos de Chocolate queria saber se eles poderiam comercializar figurinhas em movimento de Harry e Draco...como um artifício promocional. Então, eles enviaram alguns protótipos para aprovação”.

“E você as aprovou?” perguntou Ginny, fascinada. Ela se colocou de pé exatamente no momento em que a figurinha em movimento de Draco empurrou a figurinha em movimento de Harry duramente no chão, a derrubando da beirada da mesa. A figura em movimento de Draco gargalhou para si mesma e fez uma dança malévola. Ginny se curvou para baixo, levantou a pequena figurinha de Harry -- que parecia exatamente com ele, em vestes vermelhas e em miniatura de Quadribol -- e a colocou na sua base. “Pobre Harry,” ela disse.

“Não, nós não as aprovamos,” disse Sirius. “Cardes de sapos de chocolate são demais -- Draco e Harry não precisam de seus rostos gessados em todos os quadros de avisos bruxos daqui até Ottery St. Catchpole, vendendo tudo desde fita dental sabor hortelã até vassouras especiais”.

“Além disto, eu não gostei da minha,” disse Draco, olhando criticamente para baixo, para a miniatura de Draco, que parecia uma exata cópia de si mesmo, até mesmo abatido por um sorriso afetado minúsculo. “Não parece comigo...se você entende o que eu quero dizer”.

Harry deu uma espiada. Obviamente, *ele* entendida o que Draco queria dizer. “Você tirou as roupas de sua figurinha em movimento, não foi, Malfoy?”.

Agora Draco parecia levemente rosa. “Bem, eu--".

As sobrancelhas de Harry se elevaram juntas. “Você tirou as roupas da minha figurinha em movimento?”.

“Você parece disposto desta vez,” anunciou Draco, e escapou pela tangente em direção a porta. “Eu devo ir me vestir”.

Ginny e Hermione borbulharam em risadas enquanto Harry saltava de pé, passando sobre Ron, e ficou de pé com suas mãos no seu quadril, olhando furioso. “Malfoy!” ele berrou, enquanto Draco tateava a maçaneta da porta. “Volte aqui!”.

Neste momento, houve um sonoro POP e a cabeça e os ombros de Arthur Weasley apareceram na lareira. Draco parou na porta. “Olá, Sirius,” Arthur disse com alegria, derramando fuligem.

“Você está adiantado,” disse Sirius, examinando o relógio sobre a abóbada da lareira.

“Oi, Pai,” disse Ron, balançando a mão, mas não se levantando.

“Eu não vou demorar,” disse Arthur. “Eu apenas queria que vocês soubessem o que eu ouvi de Charlie no campo -- ele conseguirá vir apesar de tudo. Eu sei que isto está em cima da hora –“

“Bom,” interrompeu Sirius, parecendo genuinamente satisfeito. “Não tem problema, Arthur. Eu lhe disse para trazer toda a família”.

Hermione olhou novamente para Draco. Seu rosto não estava nem perto da expressão do de Sirius, mas ela podia dizer pelo flash rápido em seus olhos que ele, também, estava satisfeito que Charlie fosse estar ali. Como se ele sentisse o olhar dela sobre ele, seus olhos deslizaram para Hermione, e se juntaram aos dela por um momento. Ela leu a mensagem neles claramente, e se colocou de pé.

“É melhor eu ir me vestir,” ela disse, levemente tocando o ombro de Harry.

Ele olhou para cima, para ela. “Nós temos tempo ainda”.

Ron bufou. “Você sabe quanto tempo ela levou para se arrumar para o Baile de Inferno”.

“Bem lembrado,” disse Harry.

“Talvez se você gastasse mais tempo no seu cabelo, Harry,” Hermione disse, e evitou com um pequeno pulo o tapinha divertido dele no seu tornozelo. Ela sentiu os olhos de Draco nos dele enquanto ela saia, e esperou que Harry não tivesse percebido, e que Draco tivesse suficiente bom senso de esperar um decente intervalo de tempo antes de seguí-la até o quarto.

***

***

Ela tinha acabado de colocar o vestido dela sobre a cama quando escutou a batida dele.

Vestido um robe de seda chinesa preta e chinelos, Hermione cruzou o quarto e puxou a porta para trás, e por um momento, quando ela viu Draco parado de pé ali, na entrada com a luz das tochas atrás dele, transformando seu cabelo em uma auréola prateada, ela sentiu uma dor agridoce na parte de trás de sua garganta, e engoliu em seco. Ele estava vestido com vestes pretas e seu cabelo estava úmido, como se tivesse vindo diretamente de uma chuveirada. Ele cheirava fracamente a sabonete e limão picante. “Draco. O que é?”.

“O último dos ingredientes,” ele disse, e estendeu uma mão tímida em direção a ela. Ele estava segurando um pacote embalado em marrom escuro, e Hermione sorriu enquanto ela estendia sua mão e o pegava das mãos dele.

“Alecrim, teias de aranha, miosótis secos,” ela disse, desembrulhando o pacote do papel e olhando dentro. “Está tudo aqui. Bem, quase tudo”.

Draco apoiou-se contra o batente da porta. Ele parecia se negar a entrar no quarto, e igualmente se negava a deixa-lo. “Do que mais você precisa?”.

“Você,” ela disse, sem pensar.

Ele levantou as suas sobrancelhas para ela, e ela se sentiu ruborizar diante do flash travesso e momentâneo de quase-alegria que brilhou, e então obscureceu a expressão dele. Era fácil, às vezes, esquecer, com Draco, que fagulhas de perigo que perpassavam por trás de cada expressão sua como uma corrente viva.

Ele levantou seus braços, os cruzou sobre seu peito, e sorriu suavemente para ela. “Tudo o que você deseja,” ele disse.

Ela não levantou sua mão para pegar a dele. “Venha se sentar na cama,” ela disse.

Ele foi obedientemente e se sentou na cama, contra a qual ele se destacava horrivelmente diante da coberta rosa e enfeitada com ramos e flores feita de penas que cobria a cama. Hermione remexeu o restante dos ingredientes que já estavam na Penseira colocada sobre sua cômoda e veio a se sentar na frente dele. Ela colocou a tigela branca e rasa entre eles, deixando cair lá dentro, os ingredientes que Draco havia trago para ela, os incorporando à Poção da Memória que ela tinha feito no dia anterior e também acrescentou algumas raízes de aquilégia. A mistura produziu uma fumaça e vaporizou um pouco antes de se transformar em uma pasta verde.

Ela examinou Draco, que parecia suavemente ansioso, como se estivesse a ponte de ter seu pulso examinado. “Agora é com você,” ela disse. “Usualmente, você precisaria de uma varinha neste momento, mas eu suponho que no seu caso, você possa fazer isto sem ela. Simplesmente se concentre nas memórias que você quer guardar na Penseira, e então as extraia e as coloque na tijela”.

“Obrigado,” ele disse, seus olhos prateados ilegíveis. Ela percebeu que ele queria ficar sozinho por um momento, então ela se levantou, pegou o seu vestido, suas meias calça e sapatos da cama, e entrou no banheiro adjacente para mudar de roupa, fechando a porta firmemente atrás dela.

O vestido que ela tinha escolhido para vestir nesta noite foi modelado tão próximo quanto a memória permitia copiado do vestido que Narcissa a tinha dado para vestir na Mansão há muitos meses atrás - ainda era a sua peça de roupa favorita dentre as que ela já tinha alguma vez sido dona, embora brevemente. Apenas a core era diferente: um escuro e rico marrom canela no lugar do lilás. Tinha o mesmo espartilho adaptado, amarrado nas costas, a mesma saia rodada e um amplo decote no pescoço mostrando especialmente mais os seus ombros e a parte de cima do seu colo do que ela geralmente estava acostumada a usar. Ainda compunham o seu visual meias calça finas e um dramático par de sapatos altos e de tiras. Ela olhou de relance para si mesma diante do espelhinho sobre a pia mas ele devolveu a ela apenas uma pequena parte do seu reflexo, então, segurando sua saia rodada com uma mão, ela voltou para dentro do quarto.

Draco continuava sentado na cama, olhando para baixo, para dentro da Penseira, na qual uma fumaça esbranquiçada estava agora serpeando. Quando ele a viu, seus olhos se arregalaram e então escureceram, e ainda que tudo o que ele disse tenha sido, “Está toda arrumada, então?” ela sabia que ele admirava o modo como ela estava vestida, sua aparência, e mais do que isto, ele se lembrou do vestido original que tinha servido de base para este de agora. É claro que ele sabia. Draco reparava em coisas com estas.

“Você conseguiu,” ela disse, indicando a Penseira com uma sacudida de seu queixo.

Draco confirmou com a cabeça. “Mmm. Foi fácil”.

Ela verificou sua aparência no largo espelho que estava dependurado sobre a penteadeira. Ela olhou para si mesma brevemente, então apanhou o colar que tinha planejado usar esta noite - com um topázio na ponta de uma corrente de prata - e o levantou para amarrá-lo em volta da garganta. Sentindo-se de forma inexplicável nervosa, ela tateou o fecho.

Draco se levantou, colocando a Penseira no chão, ao pé da cama. “Você quer ajuda com isto?”.

“Oh. Se você não se importa”. Ela hesitou por um momento, então deu meia volta e colocou o colar na mão dele. Ele pôs a corrente fina, arqueada para baixo sob o peso do encantador topázio esfumaçado, em torno da garganta dela, e parou, suas mãos exatamente roçando a curva onde o pescoço dela encontrava os seus ombros. Ela sentiu os pequenos pelinhos da lateral da parte de cima e de baixo dos braços dela se arrepiarem enquanto ele olhava para ela, os olhos dele se tornaram escuros e sérios, e de repente ela viu a si mesma como ele a via -- as curvas macias de uma pele em tom de pálido pêssego se levantando do espartilho de seda cor de canela, os cachos escuros do cabelo, tão cuidadosamente arrumados, amarrados com uma presilha, caiam em volta do seu rosto parecendo ramos de jacinto, seus olhos escuros arregalados, seu lábio inferior cheio, tremendo agora de nervosismo. A sensação das mãos dele na sua pele era familiar e não familiar - ele tinha tanto uma parte de Harry, ainda que ele parecesse tão diferente. Se ela fechasse seus olhos, ela se lembraria de quem eram aquelas mãos nela. Cabelos prateados, não negros, olhos cinzas, não verdes. Ela se virou no circulo dos braços dele e escutou um estalo quando ele fechou o fecho do colar, e deu um passo para trás e para longe dela.
Ele estava respirando rapidamente. “Pronto,” ele disse ligeiramente.

“Draco --".

“Não,” ele disse, e então, “Você está linda”.

E ela sabia que ela estava, talvez mais bonita do que ela nunca mais estaria de novo. Ela falou então sem pensar. “Há alguma coisa entre você e Ginny?” ela se escutou perguntar.

As palavras ficaram dependuras lá, entre eles, e por um momento ela o viu parecer repentinamente vulnerável -- ele ganhou de volta algum peso que ele tinha perdido durante o passar dos meses, mas seus ombros ainda pareciam finos sob o fino tecido de sua camisa, a superfície de seu rosto muito pontuda. Ele disse, ponderando suas palavras cuidadosamente, “Para haver alguma coisa entre eu e Ginny, teria que haver alguma coisa minha que eu pudesse dar a ela. E eu não acho que tenha sobrado muito de mim para dar a alguém neste momento”.

“Draco. Você é a pessoa mais integra que eu conheço”.

“Mais até do que o Harry?”.

“Vocês são iguais”.

Ele balançou sua cabeça negativamente. “Eu sou obrigado a esperar”.

Ela mordeu o lábio dela. “Não espere para ser feliz,” ela disse, sua voz apertada.

“Isto é o que você quer para mim?” ele disse, e houve um pequeno corte na voz dele, a incisão brilhante do fio da navalha. “Ser feliz?”.

“Mais do que qualquer outra coisa,” ela disse, e havia verdade nisto, e um pouquinho de mentira.

Ele ficou de pé ali, por um momento, muito silencioso. Então ele se virou e levantou a Penseira polida que estava perto dos pés da cama. “Obrigado por isto,” ele disse. “Eu não teria conseguido - não sem você”.

“Draco --" ela explodiu, sem realmente saber o que ela estava dizendo, “se as coisas fossem diferentes -".

“Pare,” ele disse, e ela parou. Ele olhou para ela por um longo tempo, de pé tão silencioso que todo silencio anterior dele pareceu uma incompleta copia deste. Finalmente, ele falou, e ela fechou os olhos dela enquanto ele falava, escutando apenas a cadência da voz macia dele, e as palavras que ela formava. “Por um longo tempo,” ele disse, “eu esperei ouvir você dizer que se não houvesse Harry em sua vida, então você estaria comigo. Eu esperei, mas você nunca disse isto, e finalmente eu percebi que você nunca iria dizer. Não porque você não me queira. Simplesmente porque isto não faz diferença. Porque você nunca poderia imaginar uma vida para você mesma sem Harry nela”.

Ela olhou para ele, profundamente abalada. Sua voz, quando ela falou, não foi mais do que acima de murmúrio, “você pode amar mais do que uma pessoa de cada vez, você sabe”.

“Ah, sim,” ele disse. “Eu sei”.

“Mas você tem que fazer suas escolhas,” ela disse.

Ele não estava olhando para ela. A luz das tochas tingia seu pálido cabelo de dourado. “Nós estamos apenas abrindo mão de uma vida,” ele disse. “Eu me lembro”.

O coração dela se contraiu. “Draco --".

“Eu verei você na festa,” ele disse, e deu um passo para trás em direção a porta. Ela não tirou os olhos dele enquanto ele saia, deixando a porta bater se fechando atrás dele. Então Hermione permaneceu de pé e ficou olhando, por um longo tempo, para o caminho que ele tinha feito.

***

Sirius olhou ao redor de si maravilhado. Narcissa tinha transformado o grande salão de bailes da Mansão, previamente um espaço vasto, úmido e cavernosos, em uma terra de fantasia com luz e cor. Na varanda para o oeste, Sibby Malone & A Elétrica Pequena Banda de Roadie Elves estavam instalando os equipamentos da banda. O pesado veludo das cortinas tinha sido retirados das altas janelas que iam do teto ao chão que corriam o comprido muro da parte oeste; do outro lado das janelas, os terrenos podiam ser vistos, inclinados para baixo, para o lago, a cor de malaquita negra e a distante fronteiras de árvores. Acima do topo das árvores, o sol estava se pondo em um reboliço de sangue e topázio, cobrindo o salão de bailes com uma luz rosa ardente e celeste.

Não que precisasse de mais alguma luz. Em todo lugar tinha cordas de lanternas brilhantes multicoloridas dependuradas. Seus formatos mudavam quando eles giravam preguiçosamente no ar -- uma lâmpada produzia calor e luz por um momento, e começa a estourar em outro. As lanternas lançavam profundas manchas de cor contra o chão pálido de mármore, moldando com estrelas douradas brilhantes, as formas das constelações familiares. Narcissa tinha consultado um profissional advinho que assegurou a ela que as configurações das estrelas eram as mais sortudas, prometendo sorte, amor, e beneficência para o garoto aniversariante. Longas mesas de pau-rosa se estendiam pelas paredes, empilhadas com todo tipo de mistura da culinária fantástica, e um espetacular bar, administrado por Madam Rosmerta, que tinha aproveitado a chance para descer de Hogsmeade para a ocasião, já estava enfileirada com drinks multicoloridos que esfumaçavam e vaporizavam.

“Está lindo,” disse Sirus, se virando para Narcissa, que sorriu para ele. Ela estava parecendo raramente amável em um vestido de seda lilás com um espartilho vistosamente bordado. “E você também está”.

Narcissa sorriu de alegria -- como o filho dela, ela raramente sorria, e como o filho dela, a raridade dos sues sorrisos fazia toda a irradiação resplandecente deles a mais espetacular. “Você não parece tão ruim”. Ela manuseou a lapela do elegante e escuro paletó de Sirius. “Kenneth Troll?”.

“Armani para bruxos. Narcissa -- eu aprecio que você esteja fazendo tudo isto por Harry. Especialmente quando Draco não quis uma festa para si mesmo”.

O sorriso dela se tornou um pouco triste. “Eu suponho que esta seja uma festa para ele, de um certo modo, mesmo se eu não admita isto. Talvez, seja errado de minha parte--".

“Não. Se faz Harry feliz, Draco ficará satisfeito. Ainda que ele prefira ser torturado até a morte por duendes a admitir isto”.

“Ugh, não mencione duendes. Má sorte!”. Narcissa deu um leve tapinha no braço de Sirius, então se virou enquanto Anton, o fantasma mordomo, passava através da parede mais próxima. Ele vestia um transparente e florido uniforme em homenagem a ocasião.

“Os primeiros convidados chegaram, Madame,” ele anunciou.

Os primeiros convidados eram Charlie Weasley, parecendo bonito e satisfeito de estar fora de suas roupas de trabalho, para variar. Ele vestia um elegante paletó preto contra o qual o seu cabelo vermelho Weasley se sobressaia de forma assustadora. “Eu estou adiantado, eu sei,” ele disse, alegremente, tirando uma garrafa dourada e colorida do seu bolso, e a entregando para Sirius. “Aqui, eu trouxe alguma coisa”.

“Uma garrafa de vinho?” disse Narcissa, suas sobrancelhas arqueadas.

“Vinho de Gigante,” disse Sirius, entortando os olhos para o rotulo. “Boa coisa, isto -- meio copo nocauteia você, um copo cheio e você só terá sua visão de volta em três meses. Um pouco forte para o jovem Harry, você não acha?”.

Charlie balançou sua cabeça negativamente. “Isto é para você, Sirius. Eu tenho outra coisa para Harry”.
Charlei pareceu tão surpreendentemente sério que provocou a curiosidade de Sirius. “O que você tem para ele?”.

Mas Charlie se recusou a dizer uma palavra se quer sobre o assunto, e Sirius logo parou de pressioná-lo com isto quando os convidados começaram a chegar a sério, e a sala de entrada começou a se encher com os amigos, família, e até mesmo Snape, todos ali para celebrar o décimo-sétimo aniversário de Harry.

***

“Oh Draco, por favor,” disse Ginny com uma voz insinuante. Ela deu um sorriso para o lado, para Harry, que estava sentado próximo a ela na cama no quarto de Draco. Harry já estava vestido para a festa, com causas pretas e uma camisa verde escura da Calvin Klein para Bruxos. Ele exalava um cheiro agradável de pós-barba e como sempre, seu cabelo caia de maneira desordenada para todos os lados sobre sua cabeça. Ela sabia que Hermione ainda estava dando os últimos retoques no outro quarto -- ela era tão cuidadosa e metódica com a aparência dela quanto ela era com respeito a alguma poção -- e ela mesma ainda não tinha começado a se vestir, um processo que ela estava absolutamente certa levaria nada menos do que algumas horas. Quando ela entrasse caminhando no Salão de Bailes da Mansão, ela queria criar uma impacto. Ela queria todos os olhos se voltando para ela – e um par de olhos prateados em particular. “Draco! Nós não iremos rir de você, eu prometo”.

“Eu NÃO vou vestir isto, e esta é a minha decisão final,” disse Draco sem rodeios. Ele estava em pé atrás de um tecido Chinês dependurado que isolava o seu closet do resto do quarto, e tudo o que ele conseguiam ver eram os pés dele, cobertos com botas pretas. “Minha mãe deve estar louca”.

“Característico da família, eu falei,” disse Harry agradavelmente.

Draco jogou a cortina para trás e olhou furiosamente para Harry. “Potter --".

Harry caiu na gargalhada, e Ginny teve que colocar sua mão sobre sua boca rapidamente para evitar que ela fizesse o mesmo. Draco ruborizou, e então olhou furioso. A vestimenta que sua mão tinha escolhido para ele era melhor deixar sem descrição, ainda que “braço” e “gola” e até mesmo “brilhante” fossem certamente as palavras que passaram na mente de Ginny enquanto ela olhava para ele. Além disso...era isto um colarinho camponês? Certamente não podia ser...e...seriam aquelas imitações de diamantes?

“É um pesadelo,” disse Draco. Ele parecia terrivelmente triste, aflito.

Harry ofegou de tanto rir. “Você parece um pingüim albino”.

“Eu acho que ele parece particularmente sexy,” disse Ginny lealmente.

“Certo, ele talvez pareça sexy,” disse Harry bondosamente. “Para outro pingüim albino. Se ele fosse um pingüim albino cego e não tivesse ninguém há anos”.

“Já basta de sua boca grande, Potter,” disse Draco, e deu um passo para trás, ficando atrás da cortina. Houve um breve flash de fagulhas coloridas, e por um momento Ginny ficou preocupada que a cortina pudesse pegar fogo, o que quase a fez sucumbir para outra rodada de gargalhadas. Harry revirou os olhos. “Eu já tive o suficiente de um show fashion, eu estou indo encontrar Ron,” ele disse, e fez como se fosse se levantar, mas Ginny o alcançou e o puxou de volta para baixo, para a cama pela manga da camisa dele. Por alguma razão que ela não conseguia completamente identificar, o pensamento de ser deixada sozinha com Draco a deixava nervosa. “Espere,” ela disse, e Harry caiu de novo na cama com um baque, bagunçando o seu cabelo também.

Quando ele saiu de novo, Ginny perdeu toda a urgência de rir. Ele estava vestindo calças cinza carvão que parecia como se tivessem sido desenhadas especialmente para ele, e uma camisa branca leve que salientava o azul secundário dos seus olhos. Seus sapatos eram de couro marrom escuro, do tipo que pareciam como se eles provavelmente custassem 100 galeões cada cordão do sapato. Ele parecia um pouco mais velho, bem mais elegante, e muito, muito rico. Era um pouco intimidador.

Ele olhou para Ginny e sorriu. Os cabelos dele estavam longos o suficiente para quase se enrolar no seu colarinho e contra a sua pele queimada, a fraca cicatriz junto a maça do rosto dele sobressaia tão prateada-esbranquiçada quanto seu cabelo. Ela se lembrou de tocá-la com o seu dedo polegar enquanto eles estavam se beijando no quarto dos fundos no castelo de Slytherin. De repente, ela desejou que tivesse deixado Harry ir embora apesar de tudo.

“Eu digo,” Draco levantou uma sobrancelha, e pelo tom de sua voz, ela podia dizer que ele estava repetindo a sua questão, “está melhor deste jeito?”.

Ginny indicou com a cabeça, sem palavras.

“Um pouco menos nauseante,” disse Harry, que, no diálogo entre Harry-e-Draco, era um elogio.

“Eu devo ir me vestir,” disse Ginny, receosa de que ela estava começando a corar. Ela se levantou girando rapidamente da cama e foi em direção a porta, que se abriu antes que ela a alcançasse. Hermione estava de pé lá, radiantemente bonita em cetim marrom escuro, seus cabelos puxados para trás de modo organizado e seu rosto emoldurado por uma cascata de caracóis. Hermione muito raramente se perturbava com a sua aparência que Ginny freqüentemente se esquecia quão bonita ela podia parecer quando ela queria. Os olhos escuros de Hermione foram imediatamente para Harry, que se sentou na cama e estava olhando para ela, parecendo um pouco impressionado. “Você está linda,” ele disse.

Hermione nada disse, apenas ficou rosa. Harry se levantou da cama e foi até ela e a beijou muito gentilmente na bochecha, roçando novamente um cacho perdido do cabelo dela enquanto ele fazia isto. Ginny sentiu um agudo e irrepreensível golpe de inveja atravessá-la quando viu o olhar no rosto dele - não tanto por ser Harry em particular, mas um desejo doloroso por alguém, por um certo garoto, que um dia olhasse para ela assim, com esta expressão nos olhos dele.

Ela olhou de relance para Draco, que estava parecendo entediado com suas mãos no seus bolsos. Ela se perguntou se ele já teria olhado para alguém deste jeito, com seu coração nos seus olhos. Olhos cinzas eram muito mais frios do que os verdes.

“Eu gostaria de pontuar que este é o meu quarto,” ele disse, observando o olhar de Harry e Hermione e mostrando uma afeição glacial. “Se vai haver um amasso, continuem, eu também deveria estar envolvido nisto ou isto deveria acontecer em outro lugar. E desde que eu não estou tão interessado em algo envolvendo um trio...”.

Hermione ficou rosa. “Eu somente vim dizer que as pessoas estão começando a chegar,” ela disse com exatidão. “Ginny, todos os seus irmãos estão aqui –“.

“Bill e Charlie também?” Ginny interrompeu avidamente.

“Sim e você nunca advinharam quem Bill trouxe como sua namorada - Fleur".

“Ela deu a volta por cima,” disse Harry, soando impressionado.

“Um giro de 360 graus,” disse Draco. “Ela já não foi namorada de Bill antes?”.

Ginny olhou para ele com severidade, tentando medir pelo tom de sua voz se ele estava interessado ou não por esta nova relação de Fleur. Qualquer um podia dizer, ela acreditava firmemente que Fleur fascinava Draco, do alto da cabeça prateada dele até suas famosas e maravilhosas meias.

“Ela era,” confirmou Hermione com um sinal. “Percy e os gêmeos estão aqui com suas namoradas também. Charlie veio sozinho, entretanto”.

“Isto não durará muito,” disse Ginny com um gracejo. “Charlie é um imã para garotas quando ele quer ser”.

“Devem ser as calças de couro,” disse Harry, fingindo uma expressão mansa.

“Todo mundo, fora!” Draco falou entre os dentes, cuja paciência para brincadeiras a respeito de calças de couro tinha se tornado muito escassa. “Eu tenho que terminar de me vestir. Vão embora, todos vocês”.

Harry e Hermione desapareceram como uma onda, e Ginny estava preparada para seguí-los. Mas um leve toque no seu braço a fez parar. Ela se virou e viu Draco olhando para baixo, para ela, uma faísca brilhante e travessa queimando nos seus olhos. “Espere um segundo, Weasley,” ele disse. “Eu quero ter uma palavra com você”.

Tum. Ela sentiu seu coração se revolver no seu peito, e mentalmente franziu as sobrancelhas para si mesma. Era apenas Draco - não tinha sentido em ter toda aquela emoção simplesmente porque ele tocou o braço dela - bem, ok, qualquer um tinha aquela emoção com Draco, que possuía até mesmo mais motivos do que ela. Não era justo que ele parecesse tão bem quanto ele estava, ou, como se as roupas que ele vestia tinham sido feitas expressamente para ele. Oh, tudo bem, elas provavelmente tinham sido feitas expressamente para ele. Não era isto que resultava em ter muito dinheiro? É claro que nenhuma soma podia comprar cabelos como aquele, ou olhos desta cor, ou maças do rosto que você podia cortar papel com...isto era simplesmente sorte, ou genética, ou alguma terrível e injusta combinação dos dois...

Draco estava abanando alguma coisa na frente dos olhos dela. Com uma certa dose de dificuldade, ela o focalizou. Era um pequeno e encadernado livro vermelho. De fato, era o livro que ela tinha dado a ele, na semana anterior, como presente de aniversário. Uma Genealogia e História dos Fundadores de Hogwarts, por Fabianna Patters-Brown.
“Interessante presente,” Draco disse. “Eu não estou certo do porque você me deu isto até que cheguei na parte sobre Benjamin Gryffindor - realmente um nascimento movimentado, ele teve – e eu continuei, topando com menções de uma certa garota de cabelos vermelhos misteriosa que apareceu e desapareceu no acampamento dele. Esta não teria sido você, por acaso, em uma de suas oh-tão-secretas missões de viagem no tempo? Voltar no tempo para encontrar o perfeito namorado?”.

Ginny bufou deselegantemente. “Bem? O namorado perfeito?”.

“Por quê não? Alto, moreno, bonito, morto há uns mil anos portanto ele não iria tolher seu estilo, e exatamente como todo o resto de vocês, do tipo Gryffindor, ele anda por aí como se tivesse uma gigantesca lança de dez pés, ostentando exatamente sua -".

“Draco, isto é sem propósito”.

“Eu discordo. É inteiramente com propósito”.

“Por quê?”.

“Bem,” disse Draco, sentando no beirada da sua cama, “me ocorreu que existe um pouco de mistério com este jovem Bem Gryffindor. Ele teve um Herdeiro, certamente, mas nenhuma esposa, e nenhuma...relação relatada. Seriamente, nenhuma garota na vida dele, de nenhuma maneira, apenas vadiando com o primo dele, Gareth --- belo e intenso rapaz ele era, também. Mas então existe esta megera de cabelos vermelhos que vivia entrando e saindo da tenda do jovem Benjamin como se ela vivesse lá...e durante quando tempo você realmente viveu lá?”.

“Espere um minuto. Você está me perguntando se eu sou a tata-tata-tata tataravó de Harry?” Ginny perguntou, tão abalada quanto brava.

“Bem, se você coloca as coisas assim...” Draco teve a misericórdia de parecer um pouco embaraçado.

“Como você sabe,” Ginny perguntou, “que eu não sou sua tata-tata tataravó? Gareth era excessivamente fofinho, também”.

Draco parecia surpreso. Ginny ficou em silêncio por alguns segundos saboreando o momento. Não era com freqüência que ela era capaz de fazer Draco ficar sem fala. Finalmente, ela riu. “Ok, certo,” ela admitiu. “Muito engraçado isto teria sido...eu não sou sua tata-tataravó. Nem a de Harry. Eu nunca conhecia o filho do Ben, ou qualquer mulher que fosse mãe do filho dele, e na verdade...” neste ponto, ela se inclinou muito perto dele e murmurou alguma coisa muito baixinho dentro do ouvido direito de Draco, alguma coisa que fez as sobrancelhas dele se erguerem como asas e sua boca se curvar em um sorriso manhoso.

“Você está brincando,” ele disse.

“Ela balançou sua cabeça negativamente. “Eu não estou”.

“Bem, bem”. Ele saltou sob os seus pés, o sorriso nunca deixando os seus lábios. “Existem coisas que você não aprendem na aula do Professor Binn”. Suas sobrancelhas se uniram. “E a propósito, existe outra coisa que eu desejava saber”.

“O que?”.

“Bem, eu achei que você tinha tido a sua idéia brilhante sobre voltar ao passado por causa do exercito de Gryffindor que desapareceu. Mas quando Ben voltou para casa, ele levou o exército dele consigo. Para onde todos eles foram?”.

Ginny balançou sua cabeça negativamente. “Oh, Draco...Esta é uma longa história, e eu tenho que correr...do jeito que as coisas estão, eu estarei meio vestida quando a festa começar”.

Draco se inclinou para trás sob os seus cotovelos. “Eu realmente não vejo nenhum problema quanto a isto”.

Ginny estreitou seus olhos para ele, e se virou para ir, mas ele a segurou de novo.

“Eu poderia descer as escadas com você?” ele perguntou.

“O quê?”.

“É tradição,” ele disse. “Os convidados entram no salão de bailes em pares e são anunciados ao pé da escada. É sempre feito desta maneira. Harry irá descer com Hermione, Sirius com minha mãe, Bill com Fleur, e assim por diante”.

Ela simplesmente olhou para ele de modo firme, a idéia de há muito tempo atrás sobre algum garoto comum adolescente estaria começando a ganhar forma pouco a pouco. Draco simplesmente olhou de volta para ela, um pequeno sorriso sedutor no canto de sua boca, os longos olhos cinza azulados ilegíveis, como sempre. Era estranho, ela pensou, que ele lembrasse a ela nem tanto de Gareth, mas de Ben, de alguma forma - eles tinham o mesmo silêncio interior, as mesmas expressões de hesitação que vinha e ia e não deixava marca para trás, como o vento acima da água.

“É tradição,” Draco disse de novo.

“Você já disse isto”.

“Bem, a essência da tradição é a repetição”.

“Tudo bem”.

“O quê?”.

“Tudo bem. Eu encontrarei com você no topo da escada em-“.

“Quinze minutos”.
“Eu não consigo estar linda em quinze minutos!”.

“Você já é linda,” ele disse calmamente, se inclinando para trás contra a cabeceira da sua cama e abrindo o livro rapidamente. Ela olhou para ele depressa, duramente, para ver se ele estava mentindo – mas é claro, Draco não mentia. Quais eram as outras coisas que ele dizia que não fazia? Eu não minto...ou desmaio...e eu não danço.

“Eu estarei lá em quinze minutos,” ela disse. “Se você prometer dançar”.

Draco olhou para cima. “Com você, ou simplesmente no geral?”.

“Pareceria um pouco engraçado se você somente dançasse comigo”.

“Tudo bem,” disse Draco imediatamente, retornando sua atenção ao livro. “Eu prometo. Eu dançarei”.

***

Certamente tinham sido mais do que quinze minutos, Ginny se afligiu, andando rapidamente pelo seu quarto em um estado de grande agitação. Ela estava, no geral, pronta -- ela tinha se lembrando de um encantamento que alisava o seu tufo ingovernável de cabelos em um rio de seda, cor de fogo aveludado, e o prendou com grampos na forma de pequenas borboletas multicoloridas. Seu vestido era perfeito - um cetim cor de sangue, com fitas de laços pretos caindo na frente e tiras que cruzavam nas costas, exibindo seus delgados e sardentos ombros com um vantajoso e determinado fim. O problema? Seus sapatos. Procurando onde ela podia, em todos os lugares do seu quarto emprestado, ela não conseguia achar aqueles que tinha vindo com seu vestido -- ela deve ter deixado-os na biblioteca, junto com sua varinha. A única outra opção era o par de tênis de treino gastos - não realmente uma opção, de jeito nenhum. Ela não tinha idéia de onde pudesse conseguir um outro par de sapatos no último minuto como este. Ela desejou, ferventemente, que tivesse o Vira-Tempo de volta, de novo de forma que pudesse dar a ela umas duas horas extras para se preparar - então sorriu com tristeza quando ela percebeu que isto era exatamente o porque de Dumbledore ter tirado as Chaves deles em primeiro lugar. Não se devia usar um instrumento excepcionalmente antigo e com um excepcional poder mágico com o propósito expresso de melhorar uma vestimenta.

Ginny xingou, e chutou a perna da cama com o seu pé descalço.

“Não é muito elegante,” disse uma voz da porta.

Era Draco, é claro. Ele tinha jogado um elegante casaco feito de pele cor de caramelo sobre seu suéter, e parecia, se possível, ainda mais arrumado do que antes. Ele estava encostado contra o batente da porta, radiando ironia, indiferença e uma não amigável segurança. Ginny olhou para ele com grande antipatia.

“Pessoas educadas batem na porta,” ela disse friamente.

“Eu irei anotar mentalmente para o caso de um dia precisar”. Ele estendeu uma mão para ela. “Você não está pronta? Você parece pronta”.

Ginny ignorou a mão dele ofertada, e lhe apontou, de forma culposa, os dedos do pé descalços. “Você me fez correr,” ela disse irritada. “Eu esqueci dos meus sapatos, e agora eu não consigo encontrá-los”.

Draco deu uma risada. Ela iluminou o seu rosto.

“Não é engraçado,” ela falou entre os dentes.

“Ao contrário. Mas eu não irei debater este ponto. Accio!” ele murmurou com a voz baixa, levantando sua mão esquerda enquanto ele fazia isto. Um momento depois, ele pegou alguma coisa no ar, e a atirou para ela. Pelo reflexo, ela a pegou, e a encarou --.

“Meias com patos?” ela disse, olhando para baixo, para elas. De algodão, brancas com uma estampa de patos amarelos, e um pequeno buraco no dedo do pé esquerdo.

“Elas estão limpas,” disse Draco.

“Elas são meias,” disse Ginny. “Com patos”.

“Coloque-as,” disse Draco, e tão calmamente ele disse isto que Ginny se percebeu sentada na cama, e calçando as meias nos seus pés. Assim que elas foram calçadas, na mesma hora Draco fez um gesto para elas -- houve um flash de luz agudo e brilhante, e onde as meias com patos tinham estado, um par de sapatos de cristal transparentes, delicados e como prismas, cintilavam nos seus pés.

Ginny olhou dos sapatos cintilantes para Draco, e então de volta para os seus pés, e então de novo para Draco, cuja expressão era ilegível. Cuja toda a personalidade era freqüentemente tão ilegível quanto um livro escrito em língua Persa: um garoto que podia conjurar borboletas apenas para fazê-las queimar até a morte, mas não dava importância em sacrificar sua própria vida por outra pessoa, cuja língua sagaz podia elogiar um amigo ou cortar um inimigo com igual destreza, que amava tão ferozmente quanto odiava, e odiava tão ferozmente quanto amava. Um poço de contradições era Draco Malfoy, mas por outro lado, a maioria das pessoas era...não era?

“Chinelos de cristal,” ela disse, finalmente. “Legal, se não original”.

“Eu achei que assim era melhor do que ir com a antiga forma,” disse Draco.

“Mas elas eram realmente meias com patos,” disse Ginny.

“Ninguém precisa saber disto,” disse Draco, “só você e eu”.

Ele estendeu sua mão para ela de novo, e desta vez, ela a pegou.

***
"Harry Potter e Hermione Granger!"
"Rubeus Hagrid e Madame Olympe Maxime!"
"Arthur e Molly Weasley!"
"Bill Weasley e Fleur Delacour!"
"Remus Lupin e Heidi Howard!"
"Angelina Johnson e Fred Weasley!"
"George Weasley e fofinho, também."
Draco parecia surpreso. Ginny ficou em silêncio por alguns segundos saboreando o momento. Não era com freqüência que ela era capaz de fazer Draco ficar sem fala. Finalmente, ela riu. “Ok, certo,” ela admitiu. “Muito engraçado isto teria sido...eu não sou sua tata-tataravó. Nem a de Harry. Eu nunca conhecia o filho do Ben, ou qualquer mulher que fosse mãe do filho dele, e na verdade...” neste ponto, ela se inclinou muito perto dele e murmurou alguma coisa muito baixinho dentro do ouvido direito de Draco, alguma coisa que fez as suas...este é o jovem senhor Weasley, não é?”.
Anton o fantasma mordomo, que tinha tido um prazeroso momento anunciando em voz alta o nome de cada casal enquanto eles desciam a escadaria de mármore flutuante entrando no salão de bailes, gaguejou por um momento e parou. Não de maneira surpreendente, logo George se aproveitou deste seu momento de centro das atenções para mostrar o recente produto da loja de Logros para Bruxos dos Weasley: Pingüim de hortelã.
Jana, sua bonita e sofredora namorada, segurou o casaco dela de cetin bem longe dos olhos pequenos e brilhantes do pingüim agachado perto dela nos degraus. “Por quê, George?” ela choramingou em um tom desesperado. “Por quê?”.
Com um *pop*, o pingüim transformou-se de novo em George, parecendo sem erros com um Troll Kenneth de paletó de veludo negro. “Me desculpe, querida,” ele disse arrependidamente. “Pareceu-me uma boa idéia por um momento”.
“Humph,” disse Jana, e movimentou-se nervosamente descendo os degraus, arrastando seu vestido de noite de cetim verde pálido. George se apressou atrás dela.
No topo das escadas, Honoria, noiva de Percy, se virou para ele com uma expressão séria nas suas delicadas feições.
“Honestamente, Percy. Eu não consigo suportar este irmão de vocês”.
“Sim,” concordou Percy, resplandecente em calças Armani com um tecido listrado e suspensórios. Ele parecia como se estivesse tentando não rir. “Muito irritantes, os gêmeos são”.
“Você nunca teria se transformado em um pingüim num jantar festivo e público, você teria?”.
“Certamente que não, querida. Em uma lontra, possivelmente. Nunca um pingüim”.
Seja o que for que Honoria talvez quisesse dizer em resposta foi abafada pelo anuncio em voz alta de Anton:
"Percival Weasley e Honoria Glossop!"
Eles desceram, e se juntaram a Harry, Hermione, e o resto da prole Weasley na base da escada. Bill e Fleur estavam de mãos dadas; Angelina, impressionante em um vestido justo de prata, estava assistindo enquanto Fred dava a Harry seu presente de aniversario. Harry abriu a caixa e olhou para o conteúdo de forma duvidosa.
“Mais óculos?” ele disse, levantando de dentro da caixa um par de espetaculosos óculos. “Esta é a sua maneira de me dizer que meus óculos estão um pouco fora de moda? Porque eu já sabia disto”.
“Então por que você os usa?” Honoria perguntou, seu pequeno nariz arrebitado, como ele freqüentemente ficava. “Por que você não seu deu um novo par? Você certamente poderia se dar um”.
“Porque a Hermione adora os meus óculos antigos. Não é, Hermione?”.
“Apaixonadamente,” disse Hermione com distração. Ela estava olhando do outro lado do cômodo o Professor Lupin, que estava parecendo particularmente desconfortável com o encontro que Narcissa montou para ele com sua velha amiga de escola, a Heidi, uma bruxa atraente mas particularmente exibida em um vestido sem costas dourado. “Você não acha que o Professor Lupin precisa ser salvo?”.
Harry olhou para o outro lado e deu uma risada. “Nah,” ele disse cruelmente, enquanto Heidi tentava convencer Lupin a se juntar a uma fila de conga que tinha se formado até o fim do cômodo. Lupin, parecendo como se alguém o tivesse alimentado com um pastelão de acônito, balançava sua cabeça negativamente. “É bom para ele”.
“Olhe,” disse Fred, movendo uma mão para chamar a atenção de Harry. “Estes não são simplesmente qualquer óculos, Harry, eles são os Óculos de Raio X dos Weasleys. Você pode usá-los para ver através de qualquer coisa”.
“Como o olho do Moody Olho-Tonto?” perguntou Ron, parecendo fascinado.
“Exatamente,” disse George, e os colocou. “Neste instante, neste exato momento, eu posso ver que Honoria está vestindo roupas íntimas estampadas de leopardo”.
Honoria parecia atemorizada. “Eu não estou!”.
“Oh, sim, você está,” disse George.
“Agora, então,” disse Percy ineficazmente.
“Eu não estou!” Honoria repetiu, virando-se para o lado e recorrendo a Fleur. “Eu não estou!”.
Fleur deu de ombros. “Não existe nada de errado com roupas íntimas estampadas de leopardo,” ela disse com rapidez. “Eu mesmo estou vestindo uma”.
“Argh,” disse Honoria, e saiu dali nervosamente, seguida por Percy.
Harry olhava com suspeita para George. “Esta coisa realmente funciona?”.
George deu uma risada. “Eu acho que elas funcionam extremamente bem,” ele disse.
Hermione sorriu. Fleur gritou. Todos levaram um minuto para perceber que ela estava gritando não por conta da piada dos gêmeos, mas por conta de uma garota que tinha simplesmente se juntado a festa deles. Ela era uma garota pequena, de cabelos pretos e muito bonita em um vestido branco todo bordado com pequeninos pássaros azuis e estorninhos.
“Monique!” Fleur exclamou, segurando a garota e a beijando em ambas as bochechas. Então, ela se virou para o resto do grupo com um sorriso, “Esta é a minha prima, Monique. Monique, você conhece Bill, e este é Harry Potter, é claro, e Ron Weasley, e -".
“Eu poderia ver a sua cicatriz?” Monique disse, tão de repente que todos se sobressaltaram, e olharam para Harry.
“Erm...” Harry começou. E parou. Porque ela não estava olhando para ele; ela estava olhando para Ron, e particularmente com expectativas nisso.
Ron parecia absolutamente alarmado. “O quê?”.
Monique apontou para a mão dele. “Sua cicatriz,” ela disse. “Eu posso vê-la?”.
Muito devagar, Ron levantou sua mão direita. Era certamente uma cicatriz impressionante, não obstante ter se curado tão rapidamente. Ao longo da palma da mão dele, a forma do punho da espada de Slytherin tinha sido impressão com uma queimadura: uma serpente esculpida corria entre o pulso dele e a ponta do seu polegar, sustentada por uma fraca impressão de um círculo.
“Oooooh,” disse Monique, pegando a mão dele. “Eu nunca tinha visto nada assim. Fleur me contou tudo sobre o valente que você foi, erguendo a espada de Slytherin assim. Você praticamente derrotou todos os dementandores você mesmo!”.
“Bem, eu, er,” disse Ron, que tinha se tornado rosa em volta das orelhas, “eu quero dizer, eu não -".
Harry pisou firmemente no pé dele.
“Eram três dementadores, na verdade,” Ron concluiu fracamente.
Os olhos azuis e grandes de Monique se arregalaram. “Dance comigo,” ela sussurrou, e foi embora com Ron com uma tal rapidez e força que não seria de se surpreender se ela tivesse usado um feitiço de Accio Ron! sem que qualquer um reparasse.
Hermione ficou olhando para eles, parecendo chocada. “Bem, realmente,” ela disse, soando simplesmente uma pálida indignação, enquanto Monique se aconchegava em Ron na pista de dança. “Eu não posso acreditar que ele tenha gostado da atitude dela”.
“Qual atitude?” deu uma risada Angelina. “A exibição vestindo um vestido decotado e se comportando como se ele fosse a coisa mais maravilhosa que o mundo produz? Você ficaria chocada em saber quantos caras caem por isto”.
“Eu me ofendo com esta ampla generalização,” disse Fred, aparecendo, e então parou e assobiou. Ele estava olhando para o topo das escadas, e o resto deles seguiu seu olhar exatamente quando Anton anunciou em voz alta,
"Charlie Weasley and Rhysenn Malfoy!".
Hermione pestanejou de surpresa. Charlie Weasley, liberal e bonito em um paletó preto bem cortado, estava descendo as escadas com uma jovem mulher não familiar no seu braço: uma bonita mulher de cabelos pretos em um vestido vermelho, que abraçava seu braço tão fortemente que ele quase parecia estar vestindo-a como um bracelete. Não tão breve tendo eles chegado à base das escadas, a garota plantou um beijo na bochecha de Charlie, e desapareceu na multidão.
“Quem era esta, velho irmão?” George perguntou enquanto Charlie caminhava vagarosamente direção a eles, as sobrancelhas levantadas. “Ela era realmente-“.
Jana o acotovelou nas costelas.
“...ninguém que eu já tenha visto antes,” George concluiu um tanto sem convicção.
“Eu não tenho mais nada a dizer,” disse Charlie com um dar de ombros. “Ela agarrou à força no topo das escadas e me implorou para descer com ela. De qualquer maneira, eu fiquei com medo de que se não o fizesse, no fim, eu descesse com o Snape. Ele estava parado, de pé, exatamente atrás de nós e tampouco tinha um par”.
“Ela provavelmente não foi convidada,” disse Hermione, olhando depois a garota, mas incapas de localizá-la na multidão.
“Ela disse que era uma Malfoy,” disse Charlie. “Ela parece com um Malfoy”.
“Isto não significa que ela tenha sido convidada,” disse Hermione, que sabia o quão convoluta e expansiva eram as conexões familiares dos Malfoys.
“Está feito agora,” disse Charlie com um tom que indicava que este rumo da conversa possuía pouco interesse para ele. Ele se afastou de Hermione, em direção a Harry, e lhe disse alguma coisa calmamente. Harry inclinou a cabeça, parecendo surpreso, e então se inclinou sobre Hermione e a beijou um pouco desajeitadamente na orelha, “Eu tenho que ir falar com Charlie. Eu voltarei já”.
Hermione concordou com a cabeça, e olhou depois para ele enquanto ele seguia Charlie um pouco para longe dali. Ela viu com um solavanco de choque na base de seu estômago que as cabeças de Harry e Charlie estavam no mesmo nível agora. Harry era tão alto quando Charlie? Quando isto aconteceu? Uma sensação fraca e fria começou a aparecer em seu estômago. Alguma parte dela queria pensar nela mesma e em Harry enquanto crianças, queria mantê-lo como uma criança, como se isto o mantivesse a salvo, a salvo das forças que tiraram a vida do pais de Harry quando ele era apenas cinco anos mais velho do que Harry era agora.
Os olhos dela deslizaram de Harry para Ron, enroscado na pista de dança com a prima meio-veela de Fleur. Oh Deus. Ela olhou apressadamente de volta para os gêmeos, ambos estavam de pé novamente na grande escadaria com uma peculiar expressão. Então, de fato também estavam Angelina e Jana. Hermione seguiu seus olhares exatamente quando Anton anunciou em voz alta:
"Ginevra Weasley e Draco Malfoy!"
***
“Eu estou contente que você tenha decidido vir a festa, Charlie”.
Harry estendeu sua mão para cumprimentar Charlie, e Charlie a segurou. Era muito, quase bizarro, gesto adulto da parte de Harry, e Charlie sentiu algo doer no fundo de seus olhos enquanto ele olhava para o garoto em frente a ele. Ele se lembrava da primeira vez que viu Harry -- pequeno, pálido e quase sumindo nas suas vestes pretas, olhando ansiosamente para um cercado cheios de dragões com Hagrid ao seu lado. Charlie se recordou de pensar o quão uma pequena criança corajosa ele paracia, o quão teimoso, e o quão brilhantes os seus olhos verdes queimavam por detrás de seus óculos. Ele podia quase perdoá-lo pelo modo como a Professora McGonagall tinha corretamente avaliado as habilidades de Harry na primeira vez que o viu voar: Charlie Weasley não conseguiria fazer isto!
Hmmph. Bem, o que ela sabia sobre isto?
Charlie cumprimentou Harry com um forte aperto e balançar de mãos, e a largou. “Feliz Aniversário, Harry,” ele disse.
Harry sorriu. “Obrigado”. Ele parecia controlado, relaxado e bonito, o verde escuro de seu suéter salientavam a cor de seus olhos.
“Eu quase não vinha”. Charlie colocou as mãos nos seus bolsos. “Mas eu queria dar a você o seu presente de aniversário”.
Harry parecia surpreso. “Hey, Charlie, você não precisava ter -- eu quero dizer, depois de tudo o que você fez para nós - eu não sei o quanto ganha um guardador de dragões, mas --".
“Espere aí, Harry. Eu não gastei exatamente muito dinheiro com isto. Na realidade, eu não gastei dinheiro nenhum com isto. É uma história um pouco estranha, mas eu tenho...você tem um minuto?”.
Harry concordou com a cabeça, curioso. “Claro”.
Charlie deu um suspiro profundo, não tirando sua mão do seu bolso. “Você sabe o quão perto do campo de dragões está, ou esteve, o castelo de Slytherin,” ele disse. “O que não é uma surpresa, considerando que os herdeiros de Slytherin criam dragões, então era natural que estivessem lá muitos deles naquela área. Enfim. Eu sei que você esteve lá na noite em que o castelo desapareceu - desapareceu sem deixar sinal, não foi?”.
Harry concordou com a cabeça. “Nada restou - apenas um tipo de área redonda, lisa e coberta de grama e algumas pedras”.
“Sim,” disse Charlie. “Bem, uma semana depois do que - do que aconteceu a todos vocês, eu vi algumas luzes estranhas não céu acima da floresta, então eu peguei um dragão e fui investigar”.
“Você montou um dragão até o lugar onde o castelo estava?”.
Charlie concordou com a cabeça.
“E havia alguma coisa lá?”.
“Não havia nada lá,” disse Charlie de modo ríspido. “Mas havia alguém lá”.
As sobrancelhas de Harry se ergueram rapidamente, e sua questão saiu em meio a uma explosão de fôlego, “Quem?”.
“Eu não sei,” disse Charlie, um pouco miserável. “Um homem, eu acho. Alto, vestindo uma longa veste com capuz e luvas; ele possivelmente tinha um feitiço Obscurus sobre o seu rosto, porque eu não decifrar suas feições. Ele estava arremessando para o alto, para o céu, fogos de artifício verdes com sua varinha, mas quando eu cheguei, ele parou e me cumprimentou com cortesia. Chame-me de ‘Dragonrider’ (Cavaleiro de Dragão). Ele me perguntou se eu achava que eu era um homem corajoso”.
“E você disse...?”.
“Eu disse que eu tentava ser um. Então, ele colocou sua mão dentro de sua veste e tirou isto, e ela a entregou para mim”. Charlie tirou sua mão de seu bolso finalmente, e com ela, o objeto que ele estava guardando. “Ele disse, ‘Dragonrider’, entregue isto ao Herdeiro de Gryffindor, Aquele que Sobreviveu. Isto o manterá a salvo quando tudo mais falhar, quando os encantamentos e feitiços se mostrarem inábeis, e seus poderes de Magid o tiver abandonado. Dê isto a ele, se você valoriza a vida dele”.
“Maldito seja,” disse Harry, e não tirou os olhos da coisa na mão de Charlie. Era um tipo de círculo duro, feito de um material escuro, vermelho escuro que produzia uma luz e um calor como uma calda vermelha alimentada com carvão. Ela parecia feita de vidra, mas quando Harry a pegou da mão dele, ele percebeu que ela era mais pesada e mais densa do que vidro, e mais flexível, como um cabo de aço fino. Ela parecia bem usada -- existiam arranhões em torno de toda a borda. “O que diabos é isto?”.
“Não tenho idéia,” disse Charlie, infeliz. “E há tempos, eu posso te dizer, que venho tentando decidir se te dou isto ou não. Eu pensei que talvez isto fosse alguma coisa perigosa, alguma coisa vinda de Você-Sabe-Quem. Eu quero dizer, maldito homem encapuzado atirando para cima no silêncio da noite, entregando coisas, e então desaparecendo de novo. Isto não inspira confiança. Mas o que ele disse - eu tive medo de lhe privar de uma oportunidade ao não dar isto a você”. Ele deu de ombros. “Então, eu decidi deixar você fazer sua escolha. Você é velho o suficiente, Harry”.
Harry olhou para cima, para ele, seus olhos verdes firmes. “Obrigado, Charlie”.
“Não é muito um presente,” disse Charlie, com um sorriso pesaroso.
“Não,” disse Harry, fechando sua mão em torno do círculo vermelho, “eu quero dizer, obrigado por confiar em mim e me tratar como um adulto”.
“Oh,” disse Charlie, um frio de preocupação e medo se aglutinando no seu estômago,” é claro, Harry. É claro”.

***
Uma emoção peculiar começou a se espalhar pelo estômago de Hermione enquanto ela assistia Draco e Ginny descendo a escadaria. Ela não conseguia apoiar, mas percebeu que eles estavam de mãos dadas. O rosto de Ginny estava inclinado para cima, para o rosto de Draco. Draco estava olhando para frente, mas sorrindo. Ambos pareciam muito bonitos, vestidos belamente, e como se ele tivesse nascido para descer elegantemente a escadaria de mármore na gigantesca ancestral casa, na frente de uma multidão de pessoas que os admirava. O que no caso de Draco era verdade, mas Ginny--
“Gin parece ok, não parece,” disse George, com um orgulho de irmão mais velho na voz.
Ginny parecia de fato ok, Hermione pensou. Como Hermione tinha profetizado, a cor vermelho profundo que ela usava caiu perfeitamente bem em Ginny, salientando as luzes fortes brilhantes do cabelo vermelho dela. O delicado espartilho do vestido enfatizava sua cintura fina e os ombros altos. Ela parecia quase frágil, ainda que o brilho em seus olhos fizesse lembrar a feroz jovem mulher que montou um dragão para salvar Draco e Ron do topo da torre de Slytherin.
“Ela parece incrível. Com exceção desta coisa grande e feia amarrada no braço dela,” disse Fred animadamente.
Percy pestanejou. “Ah. Você quer dizer Malfoy”. Ele sorriu, e empurrou seus óculos para cima, sobre o seu nariz. “Ele está quase tão famoso quanto Harry, estes dias, não está? Estava correndo no Semanário de Bruxas Adolescentes algum tipo de competição outro dia -- o primeiro prêmio era uma foto de Draco”.
“Segundo prêmio,” disse George, “eram duas fotos do Draco”.
“Agora sejam gentis,” disse Honoria, e estendeu sua mão enquanto Draco e Ginny alcançavam a base das escadas e se juntavam ao grupo. “Ginny -- ótimo ver você. Draco Malfoy -- você provavelmente não se lembra de mim, mas --".
“Honoria Glossop,” disse Draco, olhando para ela com ponderação, “Ravenclaw. Você estava no sétimo ano quando eu estava no terceiro. Sua família é a Dorchester Glossops, não é? Totleigh Towers?”.
Honoria confirmou com a cabeça, completamente rosa de prazer. “Você tem uma memória excelente”.
O resto do grupo se mostrou menos sociável ao encanto. Angelina, recordando-se de Draco das muitas partidas amargas de Quadribol, olhou para ele como se ele fosse alguma coisa presa numa rede de pegar moscas, Jana parecia nervosa, e Fred e George pareciam intratáveis. Hermione se sentia incapaz de dizer alguma coisa, enquanto emoções de confusão a impediam de falar. Ela desejou que Harry estivesse ali, mas ele tinha desaparecido para falar com Charlie. Pareceu uma eternidade eles estarem parados de pé ali tendo uma conversa sobre futilidades antes de Harry e Charlie retornarem. Eles estava acompanhados agora por dois outros convidados - Viktor Krum, e um alto, não familiar, homem de cabelos escuros com olhos azuis brilhantes, que Charlie apresentou como sendo Aiden Lynch.
“Você costumava ser o Apanhador da Irlanda!” Angelina exclamou, o reconhecendo imediatamente.
“Ainda sou,” disse Lynch com um acentuado tom amigável na voz. “Abandonei por um ano. Mas eu estou de volta agora”.
“E nós todos podemos dormir mais fácil,” disse Draco, um desprezo mordaz na sua voz. Hermione olhou para o lado, para ele. Ela podia dizer que o preço de passar tanto tempo em companhia dos Weasleys, que não gostavam dele, estava começando a tomar forma. Quando Draco estava sob estresse, ele era sarcástico. Ele estava olhando para o lado, por sobre Harry, mas Harry, por alguma razão, o estava ignorando e falando com Charlie.
“Eu vi que você tem um campo de Quadribol lá fora,” disse Aidan para Draco, ainda amigável. “Nós podíamos ter um jogo amanhã. Viktor e eu, nós estamos ficando na cidade, e--".
“O que, você e Viktor contra eu e Harry? Há quatro de nós?” disse Draco. “Todos Apanhadores no jogo? Oh, isto será uma bomba, simplesmente vadiando por uma eternidade esperando o Pomo de Ouro aparecer”.
“Draco,” Ginny o repreendeu. “Não seja desagradável”.
As sobrancelhas de Draco se ergueram. “E não me diga o que fazer, Weasley”.
Harry olhou para o lado, finalmente sua atenção estava voltada para a conversa. “Eu acho que isto soa relaxante,” ele disse, com um vagaroso meio sorriso. “Um jogo só com Apanhadores, eu quero dizer”.
Draco nada disse.
Hermione mordeu o lábio dela. Ginny parecia tensa e irritada. Draco parecia tenso e irritado. Uma pequena parte dela estava satisfeita com isto, e isto a fez se sentir horrível. Ela olhou para o outro lado, para Harry, que sorria para ela, e isto a fez se sentir pior.
Foi Aidan que quebrou o silêncio, com um particular pedido surpreendente. Ele estendeu uma mão em direção a Ginny, e com um sorriso que clareou os seus olhos azuis, perguntou, “Você gostaria de dançar?”.
Ginny olhou para ele, então para Draco. Ele olhou para ela com a expressão vazia que Hermione sabia que significava que ele estava com muita raiva, e deu de ombros.Ginny se virou para Aidan com as bochechas flamejantes.
“Eu adoraria,” ela disse.
Aidan pegou a mão dela e a levou para longe, em direção a massa de dançarinos. Eles quase se chocaram com Ron e a garota Francesa, que estavam se agarrando de uma maneira que Hermione atestou que não deveria ser legal na Inglaterra. Aidan era um excelente dançarino, Hermione teve tempo de notar, antes do casal desaparecer de vista dentre a multidão.
Harry olhou para o lado, para Draco, e ergueu uma sobrancelha.
“Cale a boca, Potter,” disse Draco, sem se mover. Ele estava de pé com os seus braços cruzados e parecia muito irritado de fato.
Harry deu uma risada. “O que você irá fazer, então, Malfoy?”.
Draco descruzou seus braços lentamente. “Eu prometi a Ginny que eu dançaria,” ele disse. “Eu vou dançar”. Ele se virou e olhou para Angelina, que estava de pé perto dele.
Ela balançou sua cabeça negativamente. “Eu NÃO vou dançar com você,” ela disse. “Eu prefiro comer um Bludger”.
“Muito bem, então,” disse Draco, e estendeu uma mão em direção a Jana. Ela parecia pálida por um momento, emitiu um pequeno grito abalado – então, sem mais um momento de hesitação, segurou a mão de Draco e o seguiu em direção a pista de dança.
“Jana!” protestou George, parecendo perplexo enquanto sua namorada e Draco desapareciam no meio da multidão.
Harry deu um sorriso. “Melhor comprar para si um par de calças de couro, George,” ele disse. “Você tem um concorrente”.
George parecia irritado. “Ele está apenas irritada com o negócio do pingüim”.
“Ou talvez todos aqueles artigos no Semanário da Bruxa Adolescente tenham virado a cabeça dela,” disse Fred. “Ela deve ter uma assinatura, você sabe”.
“Sádico,” disse George.
Harry pegou a mão de Hermione. Ele não estava mais sorrindo, mas seus olhos verdes estavam muito claros. “Vamos dançar”.
“Mas você odeia dançar, Harry”.
“Verdade, mas eu quero ver o que vai acontecer. Você não?”.
Hermione solto uma risada. “Você sabe que eu quero,” ela disse, e jogou os seus braços em volta do pescoço dele enquanto eles valsavam em direção à pista de dança.
***
E como ele tinha prometido a Ginny, ele fez, Draco dançou. Ele dançou com Jana, a segurando levemente em volta da cintura, até George aparecer e lançar para ele um olhar homicida furiosos, ele dançou com Pansy Parkinson, cujos cabelos estavam arrumados em enormes cachos que ameaçavam entrar no olho dele toda vez que ela se virava; ele dançou com Blaise Zabini, que com os seus longos olhos cor de ameixeira verde era provavelmente a garota mais bonita na Slytherin; ele não dançou, entretanto, com Ginny. Ela parecia completamente absorvida por Aidan Lynch, e dançou cada dança com ele. Draco estava consciente de um crescente sentimento de irritação que foi se tornando mais duro de se vencer. Para se distrair, ele dançou com Fleur, que parecia maravilhosa em um vestido branco quase transparente. A Marca Negra tinha desaparecido do braço dela como tinha acontecido com a sua própria, e a cor estava de volta em seu rosto.
“Você está junta com Bill de novo?” ele perguntou, enquanto ela executava um lento giro.
Fleur não escolheu responder a isto. “Você sabe, você ainda me deve um favor,” ela disse, seu tom tão aéreo quanto o vestido dela.
Draco balançou sua cabeça negativamente. Fleur era impossível. “Eu suponho que você queira me tornar louco, apaixonado para amar você exatamente aqui na pista de dança?”
Ela arregalou seus olhos da cor do anil. “De modo algum. Eu estava pensando que talvez você pudesse me comprar uma casa”.
“Uma casa - uma casa?”.
“No sul da Fraca, eu acho”.
“Fleur! Esquece isto! Não era este o grande favor!”.
“Não é necessário ser uma grande casa,” ela disse razoavelmente.
Conversas com Fleur sempre faziam Draco se sentir como se ele estivesse correndo muito rápido em pequeníssimo circulo e chegando a lugar nenhum. Assim que a música terminou, ele se desculpou e se dirigiu a mesa de bebidas, onde uma moça dríade (ninfa da floresta) de pele verde com um avental branco estava misturando alguns cocktails de aparência interessante que produziam fumaças e vaporizavam. Ele tinha acabado de escolher um Mai Tai e estava dando um longo trago nele quando ele ouviu uma voz atrás dele, “Nenhuma sombrinha verde desta vez?”.
Era Hermione. Ele levantou uma sobrancelha. “Quem contou para você sobre isto?”.
“Ginny, quem mais?” disse Hermione, eminentemente prática. Ela suspirou então, e tirou um cacho errante castanho de seu rosto.
“Onde está Harry?” disse Draco.
Hermione revirou os olhos dela. “Dançando com Cho”.
“Tomada de poder do inimigo?”.
“Não, eu acho que ela tem boas intenções,” disse Hermione, e deu de ombros. “De qualquer forma, eu estou certa de que escapará tão logo ele consiga. Draco -- eu quero te disser algo”.
“O quê?”.
Em respota, ela levantou o seu dedo como uma pistola, e o empurrou duramente contra a clavícula dele. “Ginny-não-gosta-de-Aidan-Lynch,” ela disse, enunciando cada palavra claramente. “Ela está tentando perturbar você. Você é uma pessoa muito ciumenta mesmo que você não goste de admitir isto, e ela é uma pessoa muito teimosa, e pelo amor de Deus vá agora lhe pedir para dançar, ou nós todos conspiraremos contra você e tingiremos o seu cabelo de amarelo brilhante, e você começará os seus dezessete anos parecendo um narciso e você não irá gostar disto”.
Draco ergueu sua cabeça. “Criativo,” ele disse.
“Cale a boca, Malfoy”.
“Ginny e eu não nos entendemos juntos,” disse Draco.
“Vocês se entendem pior separados,” disse Hermione. Ela estendeu uma mão e deu um tapinha na sua bochecha, e ele viu um flash momentâneo de escuridão nos olhos dela que significavam que isto não estava sendo fácil para ela, tampouco. “Simplesmente vá e faça,” ela disse, e caminhou para longe.
Draco girou, e se percebeu encarando Ginny e Aidan, que estavam balançando no tempo da música. Não era provavelmente coincidência, ele meditou, e provavelmente o motivo pelo qual Hermione desapareceu. Ele ficou de pé por um momento, escorado pelo seu segredo. Isto não levou muito tempo -- tinha que ser dito por ser naturalmente arrogante.
Ele se adiantou, e bateu no ombro de Aidan. “Eu gostaria,” ele disse imparcialmente, “de interromper”.
Aidan parecia surpreso. Ginny parecia ainda mais surpresa. Ela, entretanto, não parecia desgostosa. Draco ignorou qualquer que fosse o motivo que Aidan resmungou enquanto este abria mão do seu lugar. Draco adiantou-se e colocou seus próprios braços em torno de Ginny, descansando suas mãos cuidadosamente na cintura dela, sentindo o calor dela contra o seu peito. Ele olhou para baixo, para o rosto dela, que estava corado pela dança, os olhos iluminados. O cabelo dela, da cor da luz do fogo vista através de um copo de vinho tinto, caia sobre os seus ombros, se movia de uma lado para o outro com fios de reflexo dourado. Ela nunca pareceu tão bonita. Mesmo se isto não desse certo com Ginny, ele meditou, ele tinha a sensação de que estava em risco de desenvolver uma predileção perpétua por ruivas.
Depois de uma longa pausa, ela sorriu para ele. “Eu vi você dançando”.
“Sim. Obrigado por trazer isto a tona”.
“Eu não vejo porque isto te incomoda tanto. Você dança bem - realmente bem. Olhe para o Harry - ele continua pisando no pé da Hermione”.
“Hermione,” disse Draco, “não se importaria se Harry ficasse no pé dela a noite toda”.
“E você se importaria,” ela disse contra a orelha dele, “se eu ficasse no seu pé a noite toda?”.
“Eu acredito que não,” ele disse.
A boca de Ginny se alargou em um sorriso; ele sentiu isto contra o seu pescoço. “E por que disto?”.
“É o cabelo vermelho,” disse Draco. “Eu pareço indefeso diante dele”.
“Eu acho que Ron está disponível para dançar,” Ginny disse. “Se o cabelo vermelho é o que você quer”.
“Eu receio que Ron tenha saído com a prostituta Francesa,” replicou Draco impassível. “Você terá que fazer”.
Ginny se empurrou um pouco para trás, olhando para cima, para o rosto dele com os olhos dela arregalados e iluminados de travessura. Eles pararam de dançar agora, e ele sentiu aquele calor, aquele espessamento no sangue dele que sempre parecia acontecer quando ela olhava para ele assim. “Eu terei que fazer o quê?” ela disse.
“Isto,” disse Draco, e se inclinou para beijá-la.
Mas os lábios dele somente roçaram os dela, enviando enxurradas de fagulhas através dos nervos dele, quando uma mão se estendeu e bateu firmemente no ombro de Draco. Puxado para trás, ele se endireitou e girou, pronto para falar rudemente com o intrometido, quem quer que ele talvez fosse.
Mas era ela. Diante dele estava de pé uma jovem mulher magra com um longo cabelo negro que escorria sobre os ombros desnudos dela e sobre o extremamente decotado espartilho do seu vestido vermelho rubi. Este estava unido ao vestido na sua fina cintura com uma grossa corrente dourada que circundava suas coxas, cada argola era uma pequena papoula dourada com um rubi afixado no seu centro. “Olá, Draco,” ela disse. “Você se lembra de mim?”.
Draco olhou atentamente para ela. Ele queria falar rudemente com ela, mas havia alguma coisa no comportamento dela que o fez hesitar. Ela parecia estranhamente familiar, e mesmo assim ele não conseguia saber de onde a conhecia. “Quem é você?”ele perguntou, sabendo que ele soava grosseiro, mas por outro lado tinha sido particularmente grosseiro desta bruxa interromper um momento obviamente privado.
“Eu sou Rhysenn Malfoy,” ela disse, um sorriso provocante no canto de sua boca pintada de vermelho. “Sua prima”.
Draco estreitou seus olhos. “Você é do ramo Cingapura da família, não é,” ele disse, lembrando que as papoulas douradas e com rubis tinha sido o símbolo adotado pelos Malfoys que tinha se mudado para o leste, para Cingapura em 1800 para fazer fortuna com a exportação ilegal de Fireball Chinesa de sangue de dragão.
“Você se lembra de mim,” ela sussurrou. “Você gostaria de dançar?”.
Draco sentiu Ginny tense em seus braços. “Eu já estou comprometido com esta dança,” ele disse. “Como deveria ser óbvio”.
O sorriso de Rhysenn se ampliou. “Oh, não,” ela disse, e estendeu uma mão fina. “Eu não acho que você esteja”.
Por um momento, ele simplesmente olhou para ela surpreso. Então, seu olhar se moveu para a sua mão estendida, e ele endureceu.
No quarto dedo de sua mão direita, ela estava usando um anel com um selo no formato de um grifo. O selo era as costas do grifo, no qual um M estava gravado, enroscado em volta com pequeninas serpentes. As assas do grifo formavam a circunferência do anel, que era esculpido inteiramente de uma única peça de ônix. Ele conhecia o anel; tinha sido o anel do seu pai. Seu pai o estava usando no dia em que ele morreu.
O ar saiu de Draco com uma arfada rápida e forte; ele esta inconsciente de sua mão se afrouxando da mão de Ginny, ou dos olhos assustados dela voltados para o rosto dele.
“Dance comigo,” disse Rhysenn, e os olhos dela continham um aviso.
Por um longo momento, ele hesitou. Então, recordando-se, ele se virou de volta para Ginny. “Gin, eu-“.
Sem deixá-lo terminar, Ginny tirou de repente sua mão da mão dele com vivacidade. “Está bem,” ela disse com força. “Aidan estará se perguntando onde eu estou, de qualquer jeito”.
Ela se movimentou nervosa e bruscamente para longe dele. Draco olhou para ela com uma mistura de desapontamento e irritação. Por que ela sempre se irritava e pensava o pior dele imediatamente? Dar explicações não contava para nada?
Sentindo-se revoltado, ele pegou a mão de Rhysenn. Seus dedos delgados fecharam com força em volta dos seus e ele pode sentir a marca das suas unhas afiadas na pele dele. “Vamos dançar,” ele disse.
Ele a deixou guia-lo pela pista de dança, onde ela imediatamente jogou seus braços em volta dele e puxou com força de encontro a ela, pressionando seus corpos, juntos, com tanta força que ele ficaria surpreso se um lasca de luz fosse capaz de penetrar a quase nano existente distancia entre eles. Ela estava usando um perfume muito forte e doce que o fazia pensar em jasmim e sândalo e produzia uma leve vertigem atrás de seus olhos. Ele tentou focar o rosto dela, o que era um pouco difícil dada a sua confusão. Com os cabelos negros dela e os lábios vermelhos, ela parecia um pouco com a demônio (banshee), mas seus olhos cinzas eram puro Malfoy.
Ela inclinou sua cabeça para trás e deixou seus lábios roçarem a orelha dele. “Draco,” ela murmurou. “Você está pronto para ouvir o que eu tenho para te contar?”.
Ele tentou se colocar para trás, mas ela se uniu a ele como uma concha. “Isto dependo do que é”.
Ela projetou os lábios um pouco. “Você não está divertido,” ela se queixou. “Onde está o famoso charme de Draco Malfoy do qual eu tanto ouvi falar?”.
“Eu geralmente o vejo como necessário para tornar o tom baixo em eventos movimentados,” disse Draco secamente. “Ele pode ser perigoso”.
“Para mulheres especialmente, eu imagino”.
“Sim. Ocasionalmente, elas se machucam no seu frenesi para se despir”.
“Como aquela pequena ruiva que você estava beijando?”.
Draco parou de súbito no meio de um passo de dança, e apertou a mão dela com a sua. Ela recuou, mas continuou sorrindo. “Eu acho que já é hora de você me contar o que você veio me contar,” ele disse com força. “Você fala, ou eu vou embora”.
Ela atirou seus cabelos para trás. “É uma mensagem,” ela disse. “Você talvez não goste dela”.
Ele levantou suas sobrancelhas. “Nenhuma outra daquelas coisas de ameaças de morte,” ele disse ligeiramente. “Harry e eu parecemos ter recebido muitas destas ultimamente. ‘Morra, morra, cria do diabo,’ todo este tipo de coisa, é realmente muito entediante”.
“Não,” ela sorriu. “Esta é uma mensagem que você precisa receber”.
Draco começou a se afastar educadamente. “Eu não acho que-“.
“A mensagem,” ela ronronou, “é escondida no meu espartilho, se você não se importa de tentar encontrá-la”.
Draco olhou para ela de lado. Seu espartilho era tão justo, ele não conseguia imaginar como ela podia colocar alguma coisa a mais do que tecido ali, ainda mais uma peça tão substancial quanto um pergaminho.
“Eu sei que tenho uma reputação,” ele disse. “Mas eu não apalpo mulheres estranhas em uma pista de dança pública, mesmo que elas estejam se relacionando comigo. Especialmente se elas estão se relacionando comigo, na realidade”.
Ela sorriu friamente, e estendeu a mão para a mão dele. Um momento depois, ele sentiu alguma coisa fria, dura e redonda pressionando sua palma. Ela fechou os dedos dele em torno desta coisa; ele sabia sem olhar que era o anel com o selo. “Seu pai,” ela disse, “queria que você ficasse com isto”.
“O que é isto?”. Ele estava surpreso com a frieza no seu próprio tom de voz. “Que jogo é este que você está jogando, Rhysenn?”.
“Eu não posso te contar,” ela disse. “Eu deve te dar a mensagem escrita. Estas foram as minhas instruções”.
“Instruções vindas de quem?”.
Em resposta, ela apenas sorriu, e puxou sua mão cerrada. Ele a deixou guiá-lo para dentro da sombra de uma cortina no canto do salão. Ela o empurrou para lá e então o seguiu, puxando a cortina para fechá-la atrás deles. Na sombra a meia luz, ela deu um falso sorriso para ele, largou as mãos dele, e as colocou para baixo para começar soltar a parte da frente do seu espartilho justo e bordado de papoula.
Draco deu um involuntário passo para trás, ainda que ele não tirasse os seus olhos dos dela. (Apesar de tudo, ele tinha dezessete anos). “O que você está fazendo?”.
Ela sorriu de novo e jogou os cabelos dela de forma que eles deslizaram pelas suas costas como um rio de tinta negra. Ela inalou, o que, dado ao estado de suas roupas, era impressionante. “Entregando a você o lugar,” ela disse. “A mensagem. Venha e a encontre”.
E ele fez.
Qualquer um que passasse pelo canto do salão, resguardado pela cortina, podia ouvir o som de uma leve disputa, muitos sorrisos falsos e um pouco do som da respiração de Draco dizendo, “Não teria sido mais fácil você simplesmente saltar de um bolo de aniversário completamente nua, se era isto o que você queria?”.
“Muito comum,” replicou Rhysenn, divertida. “Eu gosto de fazer coisas do meu jeito. De qualquer forma, não olhe para mim. Eu estou simplesmente em serviço de entrega”.
A voz de Draco estava aguda como navalha. “Alguma coisa me dá a sensação de que você não trabalha para O Oficial Serviço Postal Corujal do Ministério. Ou este é apenas algum prêmio que os clientes recebem?” Ele tomou um fôlego então. “Ah,” ele disse um pouco fraco. “Não importa”.
Alguns instantes depois, a tapeçaria estava puxada para o lado, e uma satisfeita Rhysenn Malfoy saía do canto do salão, seguida por um muito ruborizado e desarranjado Draco, que estava segurando com força um rolo de pergaminho na sua mão esquerda. Com um piscar de olhos e um projetar de lábios, ela desapareceu no meio da multidão. Draco olhou para ela por um momento, então se virou e andou depressa em direção a larga escadaria de mármore no fim do salão. Ele subiu as escadas de dois em dois, caminhando no longo corredor do segundo andar, em direção a biblioteca, e se fechou lá dentro.
Um fogo estava queimando na lareira, cintilando luz azul e púrpura em homenagem a festa. Não havia outra luz no cômodo exceto a fria luz da lua que atravessa as altas janelas arqueadas, projetando pedaços leitosos contra o chão. A escrivaninha de madeira de cerejeira que tinha sido do seu pai, empilhada agora com presentes de aniversário para Harry, agigantava-se como um fantasma no canto. Com um leve calafrio de premonição desagradável, Draco cruzou o cômodo em direção a lareira, desenrolou o pergaminho que ele estava segurando, e começou a lê-lo. Era uma carta, e estava endereçada a ele.
Draco,
Foi muito divertido observar você fingir na ultima noite, falando alto e delirando no meu mausoléu. (Neste ponto, o papel sacudiu violentamente nas mãos de Draco). Muito do que você disse foi uma atitude ridícula de adolescente, mas eu concordaria com você em um ponto -- Eu não sou Deus, nem nunca tive a pretensão de ser. E diferente de Deus, eu não planejei entregar meu único filho para a multidão - os Potters e os Blacks e os Weasleys e todo o resto do lixo deste mundo. Você me pertence, Draco, você sempre me pertencerá,, e para este poder das trevas sob qual proteção nós dois estamos ligados. Você sabe do que eu falo. Ele manda seus agradecimentos a você por libertar o mundo do único bruxo que poderia ter se colocado contra ele e seu ressurgimento. Eu mesmo confesso que eu tinha as minhas dúvidas que você fosse capaz, mas a fé dele em você nunca vacilou. Qualquer que seja os poderes que ele deu a você na sua infância quando ele passou o status dele de Herdeiro de Slytherin a você, eles são maiores do que qualquer coisa que eu talvez até mesmo tivesse imaginado. Sua natureza rebelde me aborrece, mas ele me assegura que consegue frear isto dando os corretos...incentivos. De qualquer forma, pela primeira vez, você me fez sentir orgulho de você. Eu inclui nesta carta nosso anel selado como um sinal de que eu considero você finalmente um verdadeiro Malfoy; use-o, e espere por ordens vindas de mim. Eu irei até você no seu verdadeiro aniversário. Espere-me. Saiba que eu estou observando você. E que eu sou, como sempre,
Seu pai,
Lucius Nero Malfoy
Assim que seus olhos tinham escaneado a assinatura esparramada de seu pai, o papel explodiu em cinzas nas mãos apertadas de Draco, escoando através de seus dedos, deixando para trás apenas o que ele tinha agarrado com força na sua mão cerrada - o anel selado, que captava a luz do fogo e refletia na escuridão como um carvão negro em brasa.
Meu pai, ele pensou. Meu pai ... está vivo.
***
Harry estava de pé nas sombras atrás da tapeçaria e olhou para baixo, para o seu pulso. Ele tinha se livrado de Cho, apenas para ser arrastado por Lavender e depois por Parvati. Ele estava satisfeito de ver todas elas, mas geralmente se sentia seguro dançando apenas com Hermione, que sabia o quão dançarino terrível ele era e não se importava com isto. Existia também outra coisa o perturbando -- a fita que Charlie tinha dado a ele, que permanecia sem jeito amarrada em volta do seu pulso. Ele percebeu que enquanto ele dançava, se movendo entre os dançarinos que dançavam bem próximos na pista, a fita mudará de temperatura, se tornando quente de maneira flamejante em um primeiro momento, e fria escaldante no seguinte. Ele olhou para baixo, para o pulso dele, vermelho e aquecido pelo atrito e ferido agora, e se perguntou o que diabos aquilo significava.
“Esta é uma peça de joalheria de aparência bem cara,” disse uma voz macia na orelha de Harry.
Ele se virou e viu a garota que tinha descido as escadas com Charlie mais cedo, parada de pé próxima de seu ombro, sorrindo para ele. Ele não a ouviu se aproximar. De perto, ela era tão clara quando Malfoy, com os longos ossos da bochecha, do queixo e da mandíbula puxados para cima, e firmes olhos cinzas. Aqueles olhos estavam fixados firmemente na fita amarrada em torno do pulso dele.
“Algum ladrão arrancará sua mão,” ela disse, “para pegar isto de você”.
Harry estreitou seus olhos para ela. Alguma coisa nela lhe dava nos nervos. Ela não era natural. “Eu não vejo onde isto seja de seu interesse”.
“Eu suponho que você não se importe,” ela sorriu. “Você a coloca no seu pulso esquerdo. Se você perdê-la, você ainda tem a sua mão direita para fazer sua mágica com ela. E para pegar o Pomo de Ouro, é claro”.
“Eu não me recordo,” Harry disse friamante, “de ter te pedido algum conselho”.
“Não é uma jóia, você sabe,” ela disse, e sorriu. “Não é um bracelete. É uma fita rúnica. Mas talvez você se sinta melhor considerando-a como uma jóia e permitindo que um ladrão a roube”.
Harry sentiu um formigamento frio correr ao longo de sua espinha, e balançou sua cabeça negativamente para clareá-la. “O que você quer dizer com isto?”.
“Eu sou capaz de ler letras rúnicas,” ela disse, olhando para baixo, para a fita. Harry seguiu o olhar dela para o objeto, vendo de novo as marcas ao longo da fita que pareciam como arranhões para ele. “Você consegue?”.
Harry balançou sua cabeça negativamente bem devagar. Uma sensação fria de desconfiança estava se espalhando por sua espinha; espalhando-se pela base de seu crânio. “Não. Mas minha namorada pode”.
“Ela consegue?”. A garota a longa mão fria contra o peito dele e virou o rosto dele em direção a ela. Não havia desejo no toque dela, nem luxúria; Harry particularmente sentiu como se com o olhar dela, ela estivesse de certo modo o virando do avesso, examinando os conteúdos do seu cérebro. “Então ela pode te dizer que estas runas pressagiam traição,” ela disse. “Aqueles que você acredita poder confiar, você não pode. Aqueles a quem você estará preparado para pedir conselhos, oferecerão a você falsos conselhos. Seus inimigos descobrirão você, e seus amigos chegarão muito tarde para lhe dar ajuda”.
“Esta é a sua predição?” Harry perguntou, tentando manter sua voz leve, ainda que seu coração estivesse esmagado.
“É uma certeza,” disse a garota, seus longos olhos ilegíveis.
“E existe alguma coisa que eu possa fazer para evitar este resultado?”.
“Provavelmente não”. Ela apontou um longo dedo para a fita em torno do pulso dele. “Mas se eu fosse você, eu amarraria isto como uma fivela extra no meu cinto, não a usando tão obviamente no meu pulso, convidando problemas. Isto é, se você está determinado a ficar com ela”.
“Eu estou determinado,” disse Harry.
“Sim,” disse a garota. “Sim, você está, não está?”.
***
Hermione encontrou Harry parado de pé, sozinho, encostado contra a parede do salão de bailes, parecendo extraordinariamente sério. Apesar de ser seu aniversário e sua festa, ele parecia estar a par do resto da multidão, tão longe, afundado em pensamentos que ela sentiu que talvez fosse necessário uma linha de pesca para resgatá-lo.
Ela colocou uma mão no seu ombro, e ele pulou. “Hermione!”.
“Eu assustei você?”.
“Sim - apenas um pouco”.
“Sobre o que você estava pensando”.
Os olhos dele pareceram deslizar, entrando em foco enquanto eles estudavam o rosto dela, o verde profundo quase preto. “Nada. Você quer ir a algum lugar? Conversar, talvez?”.
“Sim”. Hermione aproveitou a chance de ficar sozinha com ele. “Nós podíamos ir caminhando até o balcão”.
Eles deixaram sem que ninguém percebesse, atravessando as portas balcão que estavam parcialmente escondidas por uma pilastra coberta por luzes de fadas. Do lado de fora, o ar frio bateu no rosto de Hermione e expôs seus ombros, a fazendo tremer, ainda que a noite estivesse suficientemente quente. A luz da lua se entornava sobre as pedras pálidas do balcão, iluminando o jardim e a casa de verão vazia envolvida por lanternas brancas, batendo fagulhas frias vindas das bordas dos óculos de Harry.
Hermione pegou a mão dele. “Aqui”.
Ela o conduziu até a sombra de uma passagem arcada, em frente ao muro alto da Mansão. Ele olhou para ela curiosamente.
“Eu queria te dar o seu presente de aniversário,” ela disse.
“Eu achei que nós pretendíamos dar os presentes à meia noite,” replicou Harry, ligeiramente curioso.
“Eu queria te dar este presente em particular,” Hermione disse.
As sobrancelhas de Harry se ergueram. “Isto envolve uma dança exótica e calda de chocolate?”.
“Não,” disse Hermione firmemente. “Para isto, você terá que esperar até o Natal”.
Harry deu um sorriso. Respirando fundo, Hermione pegou a pequena caixa que ela tinha tão cuidadosamente escondido no bolso do seu vestido, e a entregou a Harry. Ela observou enquanto ele pegava a caixa de sua mão e rasgou a embalagem, as mãos dele rápidas e hábeis voando para desfazer o embrulho e rasgando a caixa, abrindo-a, da mesma maneira hábil com que ele muitas vezes apanha o Pomo de Ouro. Ela prendeu sua respiração, o observando -- seus olhos verde-escuros se arregalaram por detrás dos óculos dele, o olhar de incerteza em seu rosto enquanto ele levantava aqueles mesmos olhos para ela -- e o coração dela diminuiu uma batida, como sempre acontecia quando ele a olhava tão diretamente. Tudo em Harry era evidente, claro, seu olhar, seu andar, seus movimentos, seu discurso, o modo como ele a amava. Ele disse, olhando para baixo, para a caixa e então de volta para ela, “Isto parece -- caro. Hermione, eu --".
“Não foi caro,” ela disse, levantando o queixo dela. Ela podia se ver refletida nos círculos negros das pupilas dele.
“Deve ter sido. É um bonito relógio,” e Harry levou sua mão para baixo e pegou de modo hesitante o relógio pela corrente de segurança dele, e o retirou da caixa. A luz da lua derramava um ponto de fogo frio ao longo da borda da face do relógio. “Eu ando precisado de um relógio desde o quarto ano, mas eu não conseguia--".
“Experimente-o, Harry,” ela disse, e ele o fez, e ela observou os olhos dele se arregalarem enquanto olhava para a inscrição gravada lá.
“Sirius o deu para mim,” ela disse, suas palavras se atropelando umas nas outras, no meio de sua pressa e nervosismo. “Deu a você -- ele disse que o relógio era de seu pai, sua mãe o deu a ele quando ele fez dezessete anos e ele nunca deixou o pulso dele depois disto, até a noite em que ele -- até Sirius os encontrar, e ele o tirou do pulso de seu pai mas ela não estava quebrado. Ele o guardou na sacola da parte de trás da moto, e quando Hagrid a devolveu para ele neste ano, ele tentou fazê-lo funcionar corretamente de novo, ele o levou a todos os lugares no Beco Diagonal mas ninguém conseguia consertá-lo, então ele não estava certo do que fazer cm ele, e ele o deu para mim, para ver se existia qualquer coisa que eu pudesse pensar em fazer. Eu o levei até Londres, em uma loja que repara relógios de Trouxas, e eles o consertaram imediatamente -- isto é porque as lojas de bruxos não podiam consertá-los -- eles o consertaram corretamente, e eu os pedi para colocar esta inscrição embaixo da inscrição original -- Harry, eu espero que você não se importe-“.
Ela prendeu o fôlego para olhar nos olhos dele, e muito vagarosamente, ele olhou para baixo e leu as inscrições de novo, a primeira muito antiga, gasta e um pouco apagada, e a outra embaixo desta, novinha em folha.
Para James, com amor de Lily, sua melhor amiga.
E embaixo desta:
Para Harry, com amor de Hermione, sua melhor amiga.
“Eu espero que você não se importe,” ela disse de novo, e os olhos de Harry se ergueram rapidamente, escuros e um pouco incrédulos.
“Importar?” ele disse, uma fraca irregularidade cortando sua voz. As palavras pareciam lhe faltar inteiramente então; ele esticou seus braços, e ela se moveu para dentro deles com uma sensação alívio, como se ela estivesse tirando de suas costas uma carga muito pesada. As mãos dele a acariciaram nas costas e ela podia ouví-las rasparem contra o cetim de seu vestido, e então elas estavam na pele nua dela e ela inclinou para trás sua cabeça e levantou suas mãos e tirou os óculos dele de forma que ele pudesse beijá-la, e ele a beijou.
Primeiramente, ela estava apenas consciente da boca de Harry na sua boca, as mãos dele deslizando para baixo, pelas laterais dela para segurar sua cintura e puxá-la mais firmemente de encontro a ele, o sabor doce dele e o firme e ininterrupto pulsar do coração dele. Beijar Viktor, beijar Ron, nunca tinha se sentido exatamente assim. Beijar Draco era como visitar algum país bonito e distante, atemorizante em sua estranheza. Beijar Harry era voltar para casa.
Foi a música que ela ouviu primeiro. Erguendo-se em torno deles, abrindo caminho com sua doçura e clareza, absolutamente bonita: música de fênix. Ela se afastou de Harry, murmurando de encontro aos lábios dele, “Você está ouvindo isto?” e ele acenou com a cabeça, e apertou seus braços em torno dela.
“Como da primeira vez,” ela disse, um pouco espantada, e olhou para cima enquanto alguma coisa roçava o seu rosto. Não era neve desta vez - em vez disto, olhando para cima, ela viu algo que nunca tinha visto antes ou nunca podia ter imaginado: as estrelas, brilhantes como diamantes, pareciam, enquanto ela observava, estarem se descolando do veludo negro do céu escuro e se agitavam para baixo, cercando ela e Harry em uma gaiola de luzes brilhantes. Ela sabia que era uma ilusão de ótica, da mesma forma que a neve não tinha sido uma neve real, mas, todavia, era um bonito espetáculo. As estrelas, cada uma do tamanho de uma unha e de um brilhante dourado-prateado, se acumulavam sobre os pés dela, pousando nos ombros dela, se emaranhando nos cabelos negro-noite de Harry. Ela olhou para ele, os olhos dele estavam verde jade, e em seguida o próprio olhar dela se ergueu.
“Como você faz isto, Harry?” ela murmurou.
Ele balançou sua cabeça negativamente. “Eu não sei. É exatamente o que eu sinto”.
Ele parecia mais jovem sem os óculos; mais bonito, mas menos familiar. Ela os esticou para ele. “Você consegue ver bem?” ela disse com uma voz que tremia um pouco. “É bonito”.
Ele sorriu então. “Eu posso ver você,” ele disse. “É tudo o que eu preciso ver,” e ele pegou a mão dela de novo e a puxou de encontro a ele, e desta vez ela se entregou completamente ao beijo e sendo beijada por Harry, e até mesmo não reparou quando as estrelas cadentes foram substituídas por filhotes de coruja piando, doces embalados em cores vivas, cata-ventos girando, caixas de chocolate, e vários pares de dados macios cor de rosa.
***
Draco não sabia por quanto tempo ele ficou em pé diante do fogo pálido, silencioso e cego a tudo ao redor dele. Quando ele finalmente levantou seus olhos da lareira, pontinhos de diamante dourado dançavam na frente de sua visão.
Lucius estava vivo. Não apenas estava vivo; ele estava por perto, ele viu Draco no mausoléu dele, escutou suas palavras de raiva e rebeldia e provavelmente riu dele o tempo todo. Cegamente, Draco cruzou o cômodo e encostou na escrivaninha que tinha sido de seu pai, onde Sirius estava sentado mais cedo naquele dia. Apoiado na ponta da escrivaninha estava a espada que Sirius tinha lhe dado no seu aniversário. Ela esticou sua mão e a colocou levemente no punho da espada prateado. O artesanato da espada era fino e delicado e alguns dos melhores que ele já tinha viso: a lâmina era surpreendentemente forte e mesmo assim parecia não ter nem dois milímetros de grossura; as laterais da lâmina estavam gravadas com um padrão de rosas negras, que estavam reproduzidas na bainha, completada com elaborados espinhos. Ao longo do punho estava adornado com as duas palavras em latim: Terminus Est. Hermione lhe contou que isto significava Esta é a Linha de Divisão. Foi uma coisa incrivelmente cara e de aparência bonita e Siris se recusou a lhe dizer onde ele a conseguiu; ele simplesmente deu de ombros e sorriu.
Ele deixou sua mão se arrastar para baixo, sobre a bainha que Harry tinha lhe dado. A bainha que supostamente evitava o derramamento de seu sangue. E que talvez funcionasse; mas nunca o protegeria de seu pai. Nada o protegeria.
Um barulho à porta o retirou de seu transe. Ele olhou para cima, ofuscado, e viu sua mãe parada de pé na entrada, a luz do fogo capturando o colorido que adornava toda a frente do vestido dela. Ela estava olhando para ele, seus olhos cheios de preocupação.
“Draco,” ela disse. “Você está perdendo a festa. Está tudo bem com você?”.
“Eu estou muito bem, Mãe,” ele disse com uma voz sem tom, e, largando a espada, a seguiu para fora do cômodo e desceu as escadas.
A festa estava totalmente cheia, e ele passou por ela como alguém em um sonho. Rostos, estranhos e familiares, se aproximavam e sumiam na multidão, que começou a lembra-lo um pouco das multidões em massa do lado oposto ao rio negro no Mundo dos Mortos. Ela parava aqui e lá pegando rastros de conversas furtivas. Encostados no canto do cômodo, drinks na não, Sirius e Arthur Weasley conversavam.
“Arthur, eu nunca cumprimentei você pela sua nomeação como Ministro. Não poderiam ter escolhido um homem mais digno”.
A voz de Arthur Weasley estava preocupada quando ele replicou. “Eu não estou tão certo, Sirius. Primeiramente, eu fiquei lisonjeado, mas ultimamente, me parece que muitos dos funcionários do Ministério com os quais eu conversei, eu sinto um receio que de alguma forma NÃO votem em mim. É quase como estar de costas quando --".
“Arthur, você está sendo paranóico”.
“Não, Sirius. Eu não acho que esteja sendo. Eu estava de fato me perguntando se talvez -- bem, com o seu treinamento de Auror --".
As vozes deles desbotaram enquanto Draco ia adiante, passando pela multidão. Ele passou por Ginny, parada, de pé com suas costas viradas para ele, junto de Aidan Lynch, no meio de um grupo de Weasleys, identificáveis pelos seus cabelos flamejantes claros. Ginny se virou enquanto ele passava, seus caracóis brilhantes roçaram sua bochecha, e passaram na frente seus olhos escuros que olhavam de lado para ele, mas ele não olhou de volta para ela. Ele passou por Fleur, parecendo ridiculamente bonita, seu braço no braço de Bill Weasley enquanto ela conversava animadamente com Mad-Eye Moody, cujo rosto com cicatrizes estava marcado por uma expressão de raiva e de irritação. Ele estava olhando irritado para o pequeno palco de karaokê que tinha sido colocado sobre uma mesa baixa, onde Severus Snape (que, Draco se lembrava da sua breve estada com o professor, era um barítono muito agradável) estava regendo suas musicas favoritas com um quarteto de cordas formado por elfos domésticos .
Moody rosnou. “Se tem uma coisa que eu odeio,” ele falou entre os dentes, “é um Comensal da Morte que sabe de cor todas os versos de ‘Brandy, você é uma Bela Garota’”.
Fleur riu; então Bill também, e Draco caminhou passando por eles sem parar. Ele passou por Pansy Parkinson, dançando um estranho dois para cá, dois para lá com Ron, que parecia nervoso quando ela aterrizou em seus dedos do pé; tinham Lavender e Parvati, sorrindo como sempre; Hagrid, irradiante e mostrando a todos que ele conseguia agarrar as fotografias de seu jovem filho com Madam Máxime, Rubeus Jr. Ele passou por sua mãe em uma animada conversa com Molly Weasley, e então Dumbledore, que parecia ocupado em tentar convencer um levemente bêbado de champagne Charlie a ocupar o cargo de professor de Criaturas Mágicas em Hogwarts para o próximo ano, já que Hagrid tinha tirado um tempo para estar com a sua família. Ainda que ele mantivesse seus olhos abertos, procurando por um cabelo preto e um redemoinho de saias escarlates, Draco não viu Rhysenn Malfoy em lugar nenhum, um fato que o consternava mas não o supreeendia. Depois de entregar uma tal mensagem, ele duvidava que houvesse chance dela permanecer pelas redondezas.
Ele saiu de uma compacta parte da multidão, e parou por um momento para pegar ar. Ele olhou para trás para os risos, gritos (e para o acontecimento de Snape, cantando) da multidão, e tudo de repente pareceu muito, demasiado -- o barulho, a pressão das pessoas em torno dele, sua própria exaustão e a confusão que zunia na sua cabeça. Ele virou-se cegamente e tateou a maçaneta da portas Balcão atrás dele. Elas se abriram e ele passou deslizando por elas.
Ele se encontrou, de pé no balcão de pedra largo que corria em torno do lado de fora da Mansão. A luz da lua fria e prateada se derramava como uma pilha de moedas sobre os ladrilhos frios, cintilando no canal de água abaixo. A noite estava perfeitamente calma, o horizonte azul prateado sem movimento e firme, o silencio contínuo --.
Até ele escutar um som. Uma risada, pontuada por uma respiração suave e introvertida. Ele se virou e viu duas figuras paradas, de pé nas sombras da alcova: as duas pessoas que na realidade ele estava procurando. Harry e Hermione, de pé, tão próximos, juntos, não havia quase nenhuma luz visível entre ambos, suas mãos entrelaçadas, o rosto dela erguido para ele. A luz da lua se voltou para eles para realçar os contrastes, o cabelo negro de Harry e sua pele branca, o desenho da mão dela de encontro a bochecha dele, os ombros brancos, desnudos dela saindo da escuridão do seu vestido, os caracóis escuros que estavam dispostos ao logo do seu pescoço. Ele os reconheceu como os teria reconhecido em qualquer lugar, mas no obscurecimento era muito difícil dizer onde ele terminava e ela começava, se eles eram homem e mulher ou garoto e garota, juntos, se eles eram reais ou fantasmas. Eles poderiam ser os próprios pais de Harry. Eles poderiam ser duas pessoas qualquer apaixonadas.
Draco se virou para sair, percebendo como talvez ele soubesse desde o começo, que ele não conseguia deixar nem um nem outro -- não esta noite, não no aniversário de Harry, não quando--.
O toque de uma mão no seu ombro quase o fez saltar de sua pele. Surpreendentemente, sua mão se voltou para a sua cintura – mas, a sua espada encantada não estava ali, é claro. Ele se virou rapidamente, e viu, parado, de pé, diante dele com um olhar serio em seus olhos azuis, Albus Dumbledore.
“Senhor, Malfoy,” disse Dumbledore calmamente. “Eu estava me perguntando se eu poderia ter um momento de seu tempo”.
***
Calmo como uma neblina, Draco seguiu Dumbledore para baixo, pelo corredor e para dentro de uma sala de visitas, que estava vazia de outros convidados, e iluminada com várias luzes coloridas pairando no ar. Um fraco fogo emitia faísca na lareira. Ele podia se ver em um espelho sobre a abóbada da lareira: ele parecia tenso, frio e cansado. Sobre seus ombros, ele podia ver o reflexo de Dumbledore, parado de pé atrás dele, parecendo distante e um pouco severo, o costumeiro brilho vindo de seus olhos.
Não era a primeira vez que ele tinha visto o Diretor desde o fim do período letivo. Dumbledore tinha vindo à Mansão há poucos dias depois que Draco e Harry retornaram, e falou com eles todos - Harry e Draco, Sirius e Narcissa - separadamente e juntos. Ele conhecia tanto quanto qualquer um podia saber sobre os eventos que se tornaram público, nos mínimos detalhes. Ele até mesmo comentou com algum divertimento irônico que não havia discrepâncias entre as histórias que Draco e Harry contaram, de forma alguma e de nenhuma maneira. – “Geralmente, a menos que as pessoas combinem entre si uma história antecipadamente, alguns detalhes se diferenciam pela memória. Mas não a de vocês”.
Harry deu de ombros. “Talvez nós apenas vemos as coisas de maneira semelhante”.
Dumbledore balançou sua cabeça negativamente. “Não. Eu não acho que seja isto,” ele disse, mas se recusou a aprofundar mais.
“Então,” disse Dumbledore, agora. Draco podia sentir o olhar dele no parte de trás de sua cabeça. “Draco. Você não parece estar se divertindo na festa”.
“Eu estou apenas cansado, Professor”.
“Sim. Qualquer um é capaz de imaginar que você esteja”. Dumbledore veio a ficar de pé perto do fogo; Draco se movimentou lentamente para dar a ele espaço. Ele escutou o suspiro de Dumbledore. “Então. Quem era aquela garota e qual foi a mensagem que ela lhe deu?”.
Draco se virou rapidamente e viu os olhos azuis e astutos do Diretor sobre ele. “Você a viu?”.
Dumbledore acenou com a cabeça. “Uma dos Malfoys de Singapura, se eu não estou enganado. Eu reconheço as papoulas douradas”.
“Como você sabia que ela me deu uma mensagem?”.
“Era óbvio que ela estava na festa meramente por sua causa. Ela procurou por você atravessando a pista de dança, e assim que ela...dançou com você, ela desapareceu”.
“Garotas me procuram todo o tempo,” Draco se sentiu forçado a pontuar isto. “Isto dificilmente torna este o dia da carta vermelha”.
“É refrescante ver que sua vaidade esta intacta, Draco. Eu estou certo de que garotas o procuram, como você diz, mas...garotas que carregam a Marca Negra?”.
Draco começou levemente. “Ela carregava? Eu não a vi”.
“Você tinha que tomar emprestado um par dos óculos de Raios-X de Fred e George Weasleys”.
Draco quase sorriu. “Aquelas coisas realmente funcionam?”.
Agora, os olhos de Dumbledore cintilaram. “Eu acho que elas funcionam extremamente bem”. Ele sossegou então, e sua expressão obscureceu. “Draco...o que estava na mensagem que ela lhe entregou?”.
Draco olhou para baixo. “A verdade,” ele disse. “E provavelmente algumas mentiras. Diretor...” Ele deu uma profunda aspirada. “Meu pai está vivo”.
Draco manteve seu corpo tenso, esperando a reação do Diretor, mas não houve nenhuma.
“Sim,” disse Dumbledore suavemente. “Eu particularmente acredito que ele esteja”.
Houve um silêncio então; apenas o crepitar do fogo quebrava o silêncio. “Há mais do que isto,” Draco disse finalmente. Ele se virou e encontrou o seu próprio reflexo no espelho novamente. Sobre seus ombros, ele podia ver o Diretor o observando. “Ele está a serviço de Voldemort...e ele estava feliz que eu tivesse matado Slytherin. Ele disse que eu dei conta do único bruxo que podia possivelmente ter sido um impedimento ao ressurgimento do Lorde das Trevas”.
“Ele era, agora”. Dumbledore estava olhando para o fogo, seu rosto impassível. “O que isto significa para você, Draco?”.
“Que nada do que eu faço está certo”. Draco se inclinou para frente até sua testa descansar de encontro ao estreito vinco da abóbada da lareira. “Qualquer que seja a parte de Harry que está em mim...qualquer que seja esta voz que diz para lutar e para não pestanejar e para fazer o que é certo...não está funcionando, não em mim. Eu falei para Slytherin uma vez que você não podia fazer o bem com poderes que vem do Inferno. Eu pensei que estava fazendo a coisa certa e tudo o que eu fiz foi limpar o terreno para que ressurgimento do Lorde das Trevas”.
“Apenas se você escolhe olhar para tudo isto, desta maneira”. A voz do Diretor estava clara e firme. “Ou você poderia olhar para isto assim. Salazar Slytherin era um mal sem medidas, um bruxo poderoso sem medidas. Sem opositor, ele sem dúvida teria conquistado o mundo bruxo, e o preço da morte e destruição teria sido imenso. Isto você impediu. Nós trataremos de Voldemort no seu próprio tempo. De qualquer forma, a batalha conta Slytherin era a sua batalha. A batalha contra Voldemort...esta é de Harry”.
“Mas se eu soubesse...”.
“O que você teria feito de diferente? Em que ponto você teria mudado de estratégia? A vida não é fácil, Draco. O passado nos assola, o presente nos confunde e o futuro nos assusta. Nenhuma escola é simples e ninguém pode saber o que o futuro reserva. Você acha que Harry, quando escolheu dividir a Taça do Torneio Tribruxo com Cedric, sabia que isto resultaria na morte dele? Sirius sabia que quando confiou em Peter Pettigrew, isto significaria a morte de James e Lily? O que importa é este único e frágil momento, o momento da escolha. Se o que você escolheu era o certo, ninguém e nada podem tirar isto de você, nem mesmo a incerteza do futuro”.
Draco não sentia vida em sua cabeça, mas ele sentia uma leve paz dentro dele, como se um peso tivesse sido removido. “Há uma outra coisa,” ele disse. “Algo que eu não entendi”.
O Diretor levantou sua mão, e o atiçador de fogo da lareira voou até ela. Draco observou com o canto de seu olho enquanto Dumbledore reanimava em silêncio o fogo, espalhando rápidos assobios de fagulhas coloridas. “O que é, Draco?”.
“Slytherin disse que eu não seria capaz de lutar contra ele...e por um longo tempo, eu não pude, não pude lutar contra a influência, a atração da espada, não agir contra isto. E então, de repente, eu descobri que eu podia, exatamente depois que eu matei a manticore - alguma coisa aconteceu que fez com que eu fosse capaz de reagir contra ele. Até mesmo depois que ele colocou a Marca Negra em mim. Seria impossível, não seria? Slytherin disse que eu era, devia estar...com defeito, de alguma forma”.
“Apenas se o amor for um defeito,” disse Dumbledore.
Draco virou sua cabeça. “O que você quer dizer?”.
“O que você fez...contando a Harry sobre os pais dele -".
Draco recuou levemente.
“Não fique assim. O que você fez com Harry, você fez para salvar a vida dele, sabendo que isto talvez custasse a você o seu melhor amigo,” (neste ponto, Draco ficou levemente verde) “a única outra pessoa do mundo que contém um pedaço de sua alma, da mesma forma que você mantém um pedaço da dele. Você não é você mesmo sem Harry, e Harry, se ele sabe disto ou não, não é ele mesmo sem você. Arriscar isto foi um ato de grande generosidade. O Mal como Slytherin, mal como este que despertava sua aquisição por esta espada, mal como este do qual a espada em sim mesma é feita, não entendem isto, não podem dar conta disto. E perdendo sua influência, o mal perdeu o alcance dele sobre você. Se Slytherin disse que você era defeituoso, era porque você foi criado para ser o que você era - um cômodo sem janelas. O que aconteceu entre você e Harry, o elo que foi forjado pela Poção, abriu uma janela nesta escuridão. Agora, você pode olhar para fora e ver as estrelas. Considere isto um defeito, se você quer. Eu não considero”.
“Mas eu me vi...” Draco murmurou, sua voz firme mas dura. “Eu me vi no Espelho do Julgamento...o que eu realmente sou. Eu sou defeituoso”.
“Não existe Espelho do Julgamento”. A voz de Dumbledore estava aguda agora com um quê de quase raiva. “Para o filho de uma tal família sarcástica, você está terrivelmente confiante. Slytherin mentiu para você. Existiu um espelho feito junto com o Espelho de Osejed, para ser o seu gêmeo. Quando você olha nele, você não vê o que mais deseja - mas o que você mais teme. Esta não é a realidade. Aqueles eram os temores sombrios de sua própria mente”. Dumbledore balançou negativamente sua cabeça. “Você viveu uma vida curta, Draco Malfoy. Nesta vida curta, você tem sido muitas coisas. Malévolo às vezes, tolo também; você mentiu para causar dano aos outros, e ficou em silêncio quando você deveria ter falado claramente. Mas você mudou. Nenhum espelho que não reflita a profundidade desta mudança é um reflexo verdadeiro do que você é. Se você não consegue ver isto, então confie no reflexo que você vê nos olhos de seus amigos...o eles vêem quando olham para você? O que Sirius vê, o que Hermione vê, o que Harry vê? Eu acho que você sabe a resposta para isto”.
Draco engoliu duramente alguma coisa que estava fechando sua garganta pelo o que pareceu um longo tempo. Engoliu duramente, e se virou e ajeitou seus ombros. Ele olhou para baixo, para sua mão, onde o anel com o selo cintilava de encontro a sua pálida pele. Mãos que pareciam muito com as de Harry, as mesmas articulações de ossos delgados, as mesmas unhas quadradas, o único sinal remanescente de gerações passadas, seus antepassados tinha sido primos. Ele disse, “eu queria contar a Harry sobre meu pai, mas é o aniversário dele - eu não posso fazer isto agora. Se eu contar para Sirius e para minha mãe, talvez arruíne os planos de casamento deles. Mas eu gostaria-".
“Draco”. O Diretor colocou uma mão no seu ombro. “Você me contou. Isto é tudo o que você precisa fazer. Problemas virão no seu devido tempo, não há necessidade de correr em direção a eles. Neste momento, tem uma festa acontecendo exatamente do lado de fora deste cômodo. Vá para lá. Divirta-se. Fique com os seus amigos”.
Draco acenou em concordância, e caminhou para a porta. O Diretor observou o garoto enquanto ele cruzava o cômodo, a luz do fogo golpeando fagulhas prateadas e firas nos cabelos dele, a posição de seus ombros iguais a de um outro garoto que Dumbledore um dia ensinou, um outro garoto com cabelos prateados e olhos como a luz cinza da manhã. Lucius. Alguém, que como seu filho, tinha sido tocado pelo destino; a marca de algo especial o tinha tocado, como tocou Draco. Se Draco estava tencionado para um grande bem ou para uma grande escuridão, Dumbledore não estava bem certo. Não existia maneira de se estar certo. Ele podia apenas esperar.
***
“Obrigado a todos,” disse Harry, e reprimiu um bocejo. Hermione colocou os braços dela ao redor dele e o puxou para trás, de encontro aos ombros dela. “Os melhores presentes que eu já tive”.
Era exatamente depois da meia noite, e Harry sentou entre uma pilha de papeis de presente desembrulhados na parte debaixo da escada da sala de visitas. A festa ainda continuava no salão de bailes, ainda que uma parte da multidão e a maior volume desta tenha ido embora mais cedo. Apenas uns poucos convidados permaneceram - Percy e Honoria estavam de amasso na mesa perto da janela, e Angelina e Jana estavam parecendo entediadas enquanto observavam Fred e George saltar para dentro e para fora de uma fonte mágica que Mad-Eye Moody tinha conjurado durante uma breve explosão de bom humor. Fleur e Bill tinham desaparecido. Lupin tinha sido forçado por Sirius a acompanhar Heidi até o apartamento dela em Londres. Hagrid pesadamente dormindo e roncando em um canto. Os parentes dos Weasleys tinham a muito tempo Aparatado para casa, e agora apenas o que Draco particularmente acredita ser “da família” tinha restado – Narcissa e Sirius, Ron e Ginny, e Harry e Hermione, agrupados em torno do fogo moribundo, fazendo oohs e aahs sobre os presentes de Harry. Ginny deu a Harry um antigo Galeão de Gryffindor encontrado no porão dos Weasleys, e Sirius deu a ele uma Capa de Invisibilidade para substituir aquela destruída por Slytherin. “Eu não posso evitar o pensamento de que estou te dando algo que te ajudará a se complicar com problemas,” Sirius deu uma risada diante dos protestos de Harry, “mas seu pai queira que você ficasse com a dele, então - aqui está”. Hermione deu a ele um relógio, Narcissa uma nova caixa especial para vassoura, e Ron deu a ele um objeto que fez Hermione gritar alto com uma risada quando o pacote se abriu - uma bola preta entalhada com uma moldura de vidro clara. Era preciso fazer uma pergunta e então balançá-la, e as palavras apareceriam na moldura em resposta a pergunta. “Uma genuína Bola-8 Mágica,” Hermione sorrindo. “Pergunte a ela alguma coisa, Harry”.
Harry parecia por um momento hesitante e sério; então seu rosto relaxou em um sorriso, e ele perguntou, “Eu me complicarei com problemas com a Capa de Invisibilidade que Sirius me deu?”.
Todo mundo se juntou em volta para ver as palavras vindas da moldura de vidro. É claro que irá, Harry.
Hermione ressoou com uma risada. Ron a arrancou da mão de Harry e a examinou com ponderação. “Honoria realmente está vestindo roupas intimas de pele de leopardo?” ele perguntou.
Não neste momento, disse a bola.
“Amável,” disse Ginny. “Realmente funciona, não é?”. Ela a apalpou com os seus dedos. “Draco usará calças de couro novamente?”.
Enquanto todo mundo se comprimia em volta, Draco olhou para cima e novamente para Harry. Potter, ele pensou. Eu posso falar com você por um segundo?.
Harry olhou para cima, por sobre a cabeça arqueada de Ron. O quê, aqui?
Draco se levantou, quieto como um gato, e se afastou do grupo. Ele cruzou o cômodo em direção a parede mais afastada, que tinha parapeito na janela, e se virou de volta para encarar Harry. Aqui. Apenas por um segundo.
Harry se colocou de pé, se desembolando sem muitos problemas do grupo que ria, disse alguma coisa baixinho na orelha de Hermione, e foi juntar de pé próximo a Draco. Draco o observou enquanto ele cruzava o cômodo, e pensou para si mesmo nem um pouco surpreso que Harry parecia diferente, de alguma forma, com astúcia. Ele tinha pensando tanto o quanto os eventos recentes o tinham mudado, e não tinha pesando no como eles talvez mudaram Harry. Harry pareciam mais confiante agora e mais calmo, como se ele tivesse encontrado um centro tranqüilo em si mesmo que previamente ele não sabia que possuía. Havia também um ar de tristeza nele, uma melancolia governante e torturante com a qual Draco se identificava, e se sentiu responsável por isto. É minha culpa.
“O que é, Malfoy?” perguntou Harry de maneira neutra, uma vez que por dentro ele estivesse sentindo o inverso. Ele inclinou-se de encontro a janela próxima a Draco, suas mãos nos seus bolsos, um pequeno sorriso nos seus lábios. “Você parece um pouco horrível”.
Qualquer que fosse o discurso cuidadosamente preparado, que Draco talvez tivesse em sua cabeça, tinha se derretido como neve em Junho graças ao seu ataque de nervos, completamente inesperado e repentino. “Presente de aniversário,” ele grasnou, e estendeu sua mão, e com o objeto nela, para Harry.
“O que é isto?” Harry perguntou, olhando para baixo, o sorriso em seu rosto neste momento se desmanchando para substituir um olhar de vazia curiosidade. “É uma Penseira?”.
Draco acenou com a cabeça. Ele parecia ter problemas para encontra as palavras adequadas. “Sim,” ele disse finalmente. “Ela tem minhas memórias nela. Memórias de - morte. Minhas memórias dos seus pais. Seus fantasmas, ao menos”.
Harry endureceu. Seu rosto ficou vazio, liso e ilegível. Sentido que ele tinha cometido um terrível engano, Draco nada disse. Ele olhou para os outros, que ainda estavam brincando com a Bola-8 e rezou para que os garotos não prestassem atenção, de maneira nenhuma. Certamente Hermione não o teria deixando ir a frente com isto se ela pensasse que Harry pudesse-
“Suas memórias?” Harry ecoou finalmente. “Meus...pais?”.
As mãos de Draco estavam úmidas de suor. Ele disse, “eu sei que isto não é um tipo de presente de aniversário comum. Mas que diabos, este não é algo do tipo comum. Eu estaria te dando isto, mesmo se não fosse seu aniversário. Você tem direito a isto, Potter. Você é quem deveria ter estado lá com eles, não eu”.
“Ah,” disse Harry, e o fantasma de um sorriso passou rapidamente, cruzando o seu rosto, “portanto, era eu quem deveria ter morrido então?”.
Draco abriu suas mãos. “Você sabe que isto não foi o que eu quis dizer”. Ele olhou com mais atenção para Harry. “Mas eu sei, que se você estivesse lá e voltasse - e sei que você voltaria – você teria morrido”.
“Eu sei”. Harry estendeu uma mão e pegou o presente de Draco, os olhos escuros. “Eu estaria, não estaria?”.
“Potter--".
“Eu não sei quando serei capaz de olhar para isto,” acrescentou Harry, com perfeita honestidade, sua mão apertando a borda da Penseira.
“Não,” disse Draco, e olhou novamente para o seu reflexo na janela escura. A imagem no vidro era sombria, opaca: ele podia ver apenas o contorno de seu próprio rosto, a curva do queixo e da maça do rosto, o entalhe de suas tempôras. Parecia que ele e Harry não eram tão diferentes. “Mas você tem o direito”.
“Sim,” disse Harry. “Eu suponho que tenha”.
“Você não gostará de tudo o que ouvirá e verá,” disse Draco.
“Não,” disse Harry. “Eu não espero isto”.
“Eu não queria te ferir mais uma vez,” disse Draco. Sua voz estava seca. “Não mais. Mas, de outra forma-“.
“Eu fiquei com ciúmes,” disse Harry calmamente.
Draco pestanejou. “Você ficou com o quê?”.
“Eu fiquei com ciúmes,” disse Harry. Seus olhos estavam negros como malaquita na meia luz sombria. “Você viu os meus pais e eu não. Eu fiquei com ciúmes e isto me rasgou por dentro”. Ele levantou a Penseira levemente. “Isto faz me sentir melhor”.
“Nada pode consertar o que eu fiz com você,” disse Draco.
“Talvez,” disse Harry. “Talvez não”.
Draco olhou para baixo, para suas mãos que estavam descansando no peitoril da janela. Harry seguiu o seu olhar. Ele percebeu com uma fraca surpresa o anela pesado de ônix que engolia o dedo delgado de Draco. Era novo; ele não se lembrava dele. Um presente de aniversário talvez.
“E quanto ao próximo ano?” disse Draco de repente.
“Próximo ano?” Harry estava perdido.
“Próximo ano escolar. De volta a Hogwarts. Nós somos amigos lá, ou não? Nós falaremos um com o outro? Nos ignoraremos? Passaremos pelos corredores sem nos falar?”.
“Er....” Harry ainda estava um pouco perdido. “Isto é o que você quer?”.
Draco disse. “Não”.
“Todo mundo sabe que nós somos irmãos agora”. Harry disse isto de forma muito simples, com nenhuma ênfase na palavra irmãos. Ele viu Draco reagir a isto de qualquer maneira; seus olhos brilharam com um cinza escuro, por um momento.
“Eu suspeito,” disse Draco, “que todos eles suponham que nós estejamos sofrendo horrores, na realidade”.
Harry meditou por um momento. “Nós somos capitães de times contrários no ano que vem,” ele disse, com ponderação. “A rivalidade entre Gryffindor-Slytherin é muito importante para ambas as casas, e deixar de encarar isto, nós transformará em um capitão sem autoridade. E tem mais, todo mundo em minha casa olhará engraçado para mim se eu começar a me agarrar com você, e quanto a você, eu não gosto de pensar o que os Slytherins farão com você se você começar a se agarrar comigo”.
“Provavelmente, isto envolverá algum tipo de decapitação,” disse Draco.
“Eu estou receoso que não exista nada disto,” começou Harry.
“Oh,” a voz de Draco soou um pouco sensível, “então nós não seremos amigos? Bom, então, eu só penso que nós devemos deixar claro isto e -".
“Nós teremos que fingir,” finalizou Harry.
“Fingir? Fingir o quê?” Agora Draco parecia perdido.
“Um odiar o outro, é claro,” disse Harry. “Não podemos desapontar ninguém, não é?”.
“Mas nós saberemos que nós não nos odiamos?”.
“Exato,” disse Harry, com um sorriso.
“Você é maluco, Potter”.
“Diga isto ao Profeta Diário,” acrescentou Harry. “É claro, que foi por causa disto que você contou a eles que eu babo”.
“Oh, certo”. Agora Draco sorriu, com raiva. “Eu suponho que não será tão difícil fingir isto. Será?”.
“Excessivamente fácil, eu suspeito”.
“Então, nós ainda tentaremos acertar uma ao outro? Eu quero ser claro quanto as regras”.
“Controle-se, Malfoy. Isto é tudo o que eu peço. E nenhuma Maldição Imperdoável”.
Draco riu. “Isto é uma beleza de plano perspicaz, Potter...”.
“...para um Gryffindor. Eu sei,” Harry terminou para ele.
Draco não disse nada. Harry olhou novamente para ele e viu que seu olhar estava voltado para um lugar do outro lado do cômodo. Ele seguiu a linha de vista de Draco em direção a lareira, onde o resto de seus companheiros estava agrupado ao redor da lareira. Sirius sentado ao lado de Narcissa no longo sofá, a luz do fogo lançando alegria nos olhos escuros dele e cintilando de encontro aos enfeites do vestido dela. No tapete perto do fogo estava sentada Hermione, sua cabeça curvada sobre a bola mágica, sua mão direita imprecisamente brincando com o encantamento topázio em volta do seu pescoço. Ela não era bonita da maneira gritante que eram Fleur, ou Narcissa, mas a linha de seu perfil era puro e claro e amável sob a meia luz sombria, e sua boca estava curvada em um sorriso. Próximo a ela, estava sentado Ron, e a cicatriz em sua mão estava muito preta sob luz, mas seus olhos eram azuis e cheios de jovialidade. Ginny estava sentada aos pés dele, seu cabelo se transformou em um âmbar flamejante sob a luz do fogo, sua mãos nos ombros de Hermione enquanto ela sorria. Harry não podia dizer o que os outros estavam fazendo, do que eles estavam rindo, mas não importava ; eles estavam felizes, e a felicidade irradiava deles como uma onda, chegando até Draco e Harry, onde eles estavam de pé no canto deles, os envolvendo.
Enquanto eles olhavam, Hermione olhou para cima, deixando a bola que ela estava estudando, sorriu como se fosse perfeitamente natural vê-los de pé e olhando para todos assim, e voltou os olhos dela para a pequena moldura de vidro.
Harry se virou para o lado, olhou para Draco, e viu um pequeno semi-sorriso brotando em torno dos cantos da boca dele. Harry estendeu sua mão e a colocou nos ombros de Draco. Era um gesto tão fraternal quanto ela sabia como fazer. Pareceu estranho por um momento; e então a estranheza se foi, substituída por sensações ainda mais estranhas de algo correto. “Malfoy,” ele disse. “Para o que você está olhando assim? O que você está olhando?”.
Por um momento, Draco não respondeu. Seus olhos estavam calmos, refreados e contidos, como Draco era sempre refreado, mas, todavia cheios de uma força e indefinível e familiar emoção. Teria sido alegria ou tristeza, raiva ou agonia, lamento ou remorso ou uma mistura de todos estes. Então o olhar desbotou. Ele se virou para Harry e sorriu; um sorriso genuíno, um sorriso de um garoto de dezessete anos, com felicidade neles, e com nenhuma sombra de maldade.
“Para as minhas memórias felizes,” ele disse.